A tempestade tropical Pilar se distanciava, nesta quarta-feira (1º), da América Central, após deixar quatro mortos, centenas de evacuados e inundações em grandes áreas de plantação da região.

Empurrada por uma frente fria, Pilar começava a girar de volta para o Pacífico e se encontrava a cerca de 225 quilômetros da costa salvadorenha, com um deslocamento de 15 km por hora e causando ventos de 95 km por hora.

“Espera-se um movimento rumo ao sudoeste para esta noite ou cedo de manhã na quinta-feira, e esse movimento deve continuar até sábado”, informou o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês) em seu último boletim.

“O centro de Pilar vai continuar se afastando do litoral da América Central esta tarde e esta noite”, mas “espera-se que as ondulações geradas por Pilar continuem afetando o litoral do Pacífico da América Central nos próximos dias”, advertiu o NHC.

Desde domingo, o ciclone causou três mortes em El Salvador e uma em Honduras, de acordo com os serviços de Defesa Civil dos dois países.

O fenômeno que deixa a América Central em estado de alerta acontece quando completam 25 anos da passagem do furacão Mitch, que deixou cerca de 9.000 mortos e perdas milionárias para as economias dos países da região.

Em Guatemala, El Salvador e Honduras, centenas de pessoas foram retiradas de áreas de alto risco e transferidas para abrigos temporários.

Na tarde de quarta-feira, áreas rurais inundadas em território salvadorenho ficaram expostas ao sol. Na comunidade de Los Ángeles, município de Zacatecoluca, a 60 km de San Salvador, jornalistas da AFP observaram extensas pastagens e plantações de cana-de-açúcar e milho completamente alagadas.

“Até as aves morreram” por causa da água, disse um agricultor à AFP.

– Alerta continua –

“O alerta vermelho está mantido”, anunciou o ministro salvadorenho do Meio Ambiente, Fernando López.

“Não podemos baixar a guarda, porque ainda há riscos, há muita umidade acumulada no solo, o que pode causar inundações e deslizamentos de terra”, acrescentou.

Devido ao mau tempo, a rodada de futebol profissional de El Salvador, com jogos programados para quarta e quinta-feira, foi suspensa.

Por conta das chuvas persistentes em Honduras, o chefe de emergências da Comissão Permanente de Contingências (Copeco), José Reyes, anunciou que foi declarado “alerta vermelho” nos departamentos (estados) de Choluteca e Valle, no sul do país e na costa do Pacífico.

O restante do território hondurenho está dividido entre alertas amarelo e verde.

Na Guatemala, o Serviço Meteorológico advertiu que as chuvas continuarão nesta quarta-feira e pediu à população que “tome as precauções necessárias”.

As fortes chuvas e ventos provocaram danos nas plantações de grãos básicos, principalmente em áreas costeiras.

“A chuva causou danos, mas não conseguimos quantificar a extensão”, disse à AFP Luis Treminio, presidente da Câmara Salvadorenha de Pequenos Produtores Agropecuários.

As plantações de milho, feijão e cana-de-açúcar alagadas em El Salvador estão na área de Puerto Parada, no departamento de Usulután, e na cordilheira El Bálsamo, no departamento de La Libertad.

“O feijão é o que está mais em risco, pois está em plena fase de amadurecimento”, afirmou Mateo Rendón, coordenador da Mesa Agropecuária Rural e Indígena.

Honduras relatou danos em áreas próximas ao golfo de Fonseca.

– Monitoramento no Caribe –

O NHC americano e os serviços meteorológicos da América Central monitoram a possível formação de um novo ciclone tropical no Caribe oriental.

Prevê-se que este fenômeno, localizado no Caribe central, ao sul da ilha Espanhola, se mova para o sudoeste nos próximos dias, se aproximando da América Central.

“As condições ambientais podem se tornar um pouco mais favoráveis para o desenvolvimento em um ou dois dias, e uma depressão tropical pode se formar quando o sistema se mover sobre o sudoeste do mar do Caribe”, indicou o NHC.

“Independentemente do desenvolvimento, este sistema tem o potencial de provocar fortes chuvas sobre setores da América Central mais para o final da semana”, acrescentou.

A Força Naval da Nicarágua proibiu as saídas de embarcações pesqueiras e turísticas que tenham como destino o mar aberto ou comunidades da costa do Caribe “até segundo aviso”.

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