O Japão é um dos países em que o novo coronavírus ainda não chegou de forma devastadora, como no Brasil, mas a preocupação é enorme entre os governantes e quem vive no país, que está em estado de emergência. Para os brasileiros que vivem no outro lado do mundo, a situação é ainda mais delicada, porque além da preocupação com sua saúde, ainda há a tensão com os familiares que estão distantes. É o caso, por exemplo, do volante Richardson, do Kashiwa Reysol.

O jogador de 28 anos defende o clube desde 2019, após boa temporada com a camisa do Ceará. Hoje, ele vive um misto de cautela e tensão, já que o momento é tranquilo, mas a projeção do avanço da doença lhe preocupa. “Os dias estão sendo tranquilos por enquanto. Estou ficando com a minha família dentro de casa, mas nada de anormal. Estamos nos precavendo como podemos nesse período de quarentena”, disse o volante, em entrevista ao Estado.

Na quinta-feira, o primeiro-ministro Shinzo Abe estendeu o estado de emergência para todo o Japão. Antes, o governo havia declarado essa medida apenas para sete regiões e Kashiwa não estava entre elas. Mas o aumento no número de casos fez com que a decisão fosse revista. No total, são mais de nove mil infectados e 200 mortes.

Richardson tem adotado as medidas padrões de higiene, como lavar as mãos e só sair de casa quando necessário. Além disso, o departamento médico do Kashiwa Reysol está em alerta sob a condição dos atletas. “As orientações do clube foram que deveríamos medir a temperatura corporal todos os dias e, em caso de febre, avisar imediatamente o departamento médico. Também orientaram os jogadores a ficar em casa e evitar ir para Tóquio, aonde tem tido o maior número de casos aqui no Japão”, explicou.

Enquanto se preocupa com a sua saúde, de sua mulher e de seu filho de um ano e dois meses, Richardson também fica em alerta com seus pais. “Constantemente falo com eles sobre os perigos que esse vírus pode causar”, contou.

A previsão inicial era que os treinos sejam retomados no dia 1º. Até lá, o volante fará trabalhos em casa, sob a supervisão de um profissional do Brasil, através de chamada de vídeo. “Nenhum jogador gosta de ficar tanto tempo sem jogar, mas o momento é de pensar no próximo e não apenas em nossa carreira. Essa quarentena pode salvar vidas na situação delicada que estamos vivendo no mundo todo”.

Apesar do temor, mesmo se pudesse voltar ao Brasil – voos estão cancelados – Richardson não cogitaria um retorno. “No momento não passa pela minha cabeça voltar. Infelizmente a situação está bem mais complicada no Brasil do que no Japão”, resumiu.