GRANADA, 5 OUT (ANSA) – Por Michele Esposito – O espectro de Donald Trump pairando sobre a Casa Branca em um futuro próximo, as incertezas relacionadas ao avanço dos nacionalistas na Europa, os temores de um novo inverno marcado pela emergência energética: o retorno de Volodymyr Zelensky à Europa é marcado por mil sombras e pela sensação de que, com o passar do tempo, Kiev pode se encontrar um pouco mais isolada.   

O presidente ucraniano, em Granada para a cúpula da Comunidade Política Europeia, não escondeu suas preocupações com a tempestade política em curso nos EUA sobre a questão ucraniana e, por isso, se dirigiu diretamente aos europeus com uma mensagem que soou assim: independentemente do que acontecer nos EUA, estejam unidos para ajudar Kiev.   

O avião de Zelensky pousou de madrugada no aeroporto de Granada. E após um encontro com o anfitrião, Pedro Sánchez (que anunciou novos auxílios), Zelensky esclareceu imediatamente a mensagem que levaria aos amigos do Velho Continente: “Nosso compromisso é manter a Europa unida”, enfatizou o líder de Kiev.   

Entre os primeiros líderes a encontrá-lo estava Giorgia Meloni. “A Itália apoia a Ucrânia com o objetivo de alcançar uma paz justa, duradoura e abrangente”, assegurou-lhe a primeira-ministra, explicando que está trabalhando em uma iniciativa de grãos a favor dos países africanos.   

No entanto, para Zelensky, a discussão com Meloni foi mais específica: “sobre os próximos auxílios militares, incluindo aqueles para fortalecer a defesa aérea ucraniana”.   

Na verdade, o governo está enfrentando alguns problemas com o oitavo pacote de ajuda militar. “Não temos recursos ilimitados”, alertou o ministro da Defesa, Guido Crosetto, após o anúncio, pelo titular do Ministério das Relações Exteriores, Antonio Tajani, de uma nova parcela de ajuda. Agora, as oposições querem mais clareza.   

“Crosetto deve relatar a divisão surgida no governo em relação à sustentabilidade de possíveis fornecimentos adicionais de armas à Ucrânia”, foi o pedido do partido antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S). “Estamos com a Ucrânia, mas além do apoio militar, a diplomacia é necessária”, observou Elly Schlein, do Partido Democrático (PD).   

Silêncio, por enquanto, da Liga. Em Granada, as fontes italianas não quiseram aprofundar-se nos novos auxílios italianos, explicando, no entanto, que o apoio italiano não se limita ao militar, mas é muito mais amplo, incluindo o grande capítulo da reconstrução.   

Zelensky, no entanto, ao falar aos quase 50 líderes da CPE, pediu armas em primeiro lugar. “A Ucrânia está em guerra e precisa vencer. Se permitirmos que a Rússia congele a guerra, até 2028 ela terá restaurado o potencial militar e será forte o suficiente para atacar os Estados bálticos”, foi sua sombria previsão. (ANSA).