O presidente Michel Temer informou na reunião com os ministros, realizada no início da noite desta segunda-feira, para avaliar as condições de realização dos Jogos Olímpicos, em agosto, que telefonou para o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, para tranquilizá-lo e reafirmar a garantia de uma Olimpíada de sucesso no Rio.

O ministro do Esporte, Leonardo Picciani, por sua vez, depois declarou que “não há atrasos nas obras” e que “não haverá risco no desembolso de recursos para os Jogos Olímpicos”. “O Brasil quer passar esta mensagem positiva”, emendou Picciani.

Ao falar de segurança para os Jogos, o ministro disse que “as medidas tomadas nos deram segurança que chegaremos ao evento na plenitude”. Sobre a possibilidade de um possível boicote aos Jogos por conta do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, afastada na quinta-feira, Picciani informou que o assunto está sendo tratado pelo Itamaraty. “Mas temos convicção de que a repercussão dos Jogos Olímpicos será positiva”, emendou.

Mais cedo, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, ao tomar posse, voltou a fazer críticas à realização da Olimpíada. “O governo anterior não liderou o processo, que ficou muito na mão da Prefeitura do Rio e do governo do estado, que entrou em parafuso por falta de recursos”, disse o ministro. Na quarta-feira, Jungmann estará no Rio pra acompanhar de perto os preparativos e entrar em contato com as autoridades. Ele disse que, apesar dos problemas, “temos total capacidade para realização dos Jogos e eles serão realizados com o maior sucesso”. “Teremos capacidade de suprir qualquer deficiência”, assegurou.

Jungmann disse ainda que, em relação à segurança, todas as providências estão sendo tomadas e que elas serão realizadas pelas equipes estaduais. “Não creio que será necessário convocar as Forças Armadas (para ocupar as comunidades durante os Jogos). Nós entendemos que este tipo de trabalho será feito pelas forças de segurança do Rio, com reforço da Força de Segurança Nacional”, declarou o ministro, ao informar que 38 mil homens estarão empenhados no trabalho de segurança da Olimpíada, em todo o País.

Após a reunião, em entrevista no Planalto, o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, minimizou a possibilidade de ocorrerem manifestações durante a Olimpíada, lembrando que na Copa do Mundo de 2014 elas foram realizadas e os jogos da competição foram “um sucesso”. Ele lembrou que o Brasil já tem experiência de grandes eventos e comparou que, na Copa, 32 países estiveram presentes aqui com transmissão para 3 bilhões de telespectadores. Agora, serão 216 países e cinco bilhões de telespectadores. Citou ainda que, no Mundial, foram 12 mil jornalistas, diante de 25 mil na Olimpíada.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Raul Jungmann criticou a organização da Olimpíada pelo governo da presidente Dilma Rousseff, afirmando que ele foi “muito desatento” com o grande evento que está a pouco mais de 80 dias de ser realizado. Entre os maiores problemas citou a questão da inteligência e da infraestrutura na cidade do Rio de Janeiro. Segundo Jungman, esta é a sua “preocupação maior no curtíssimo prazo”.

Jungmann citou que há problemas de transporte no Rio e também para deslocamento dos cerca de cem dignatários previstos para virem ao Brasil com suas delegações na cidade. Afirmou ainda que as dificuldades se estendem às áreas de energia e comunicações, além de questões de segurança não só no Rio, mas em São Paulo, Manaus Salvador e Belo Horizonte, onde serão realizados alguns Jogos.

O ministro demonstrou enorme apreensão em relação à área de inteligência. Comentou, por exemplo, que as carências desta área levaram os demais países que poderiam cooperar mais com o Brasil a se afastarem. “Houve uma retração nos órgãos de inteligência dos outros países em relação a nós porque não havia atenção federal para este setor”, declarou o ministro. Mais tarde, o ministro informou que a Inglaterra, onde a última edição da Olimpíada foi realizada, com os Jogos de Londres-2012, ofereceu toda a cooperação de inteligência ao Brasil, além de outros setores.

A área de inteligência, no governo Dilma, foi deslocada do antigo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para a Secretaria de Governo. Relegada a segundo plano pela gestão petista, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) enfrenta sérios problemas de recursos para desenvolver suas atribuições. Na administração Michel Temer, a Abin voltou pro GSI recém recriado, e será remodelada. Ainda não há definição, por exemplo, do modelo de Abin que o peemedebista quer.

Na reunião com Temer estavam presentes os ministros da Casa Civil, Defesa, das Relações Exteriores, da Justiça, do GSI e do Esporte e os comandantes militares.