O presidente Michel Temer reconheceu que a interinidade cria “instabilidade”, mas ressalvou que não age como se fosse deixar o governo em breve. “Governar interinamente é mais complicado por gerar uma certa instabilidade. Não me comporto como interino, mas como definitivo. Não se governa em interesse de A ou B”, declarou em entrevista ao jornalista Roberto D’Avila, da Globonews.

Temer voltou a dizer que não traiu a presidente afastada Dilma Roussseff. “Eu não traí ninguém. O que houve foi um processo de impedimento”, defendeu-se.

Ao comentar o governo Dilma, Temer disse que “houve certa falta de diálogo com o Congresso”. O presidente avaliou que os problemas na economia foram decisivos para o desgaste da petista. “A questão econômica prejudicou o governo e a governabilidade”, avaliou.

Temer não demonstrou arrependimento por ter feito um ministério sem mulheres e afrodescendentes. “Exercitaria novamente mesma fórmula, eu tive setes dias para organizar o governo. Só quando me dei conta que do que significava a admissibilidade (do processo de impeachment) no Senado é que comecei a conversar sobre o governo. Antes, tinha pruridos. O desemprego é o problema principal do Brasil. Montamos uma equipe econômica e fizemos uma composição política para ter apoio no Congresso”.

Temer disse que manterá a secretária de Políticas para as Mulheres, Fátima Pelaes. A secretária é investigada na Justiça Federal por suspeita de ter participado de desvio de R$ 4 milhões do Ministério do Turismo para capacitação de profissionais do Amapá, quando era deputada pelo PMDB do Estado. “Vou mantê-la até que eventualmente haja condenação”, disse. (Luciana Nunes Leal)