Em meio à expectativa da divulgação da “nova lista” do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com uma segunda leva de deputados e senadores e até integrantes do governo que figuram como alvo de inquérito em razão das delações da Odebrecht, o presidente Michel Temer se vê obrigado a administrar disputas em seu partido, o PMDB. Temer receberá no Planalto o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ainda na noite desta quinta-feira, 9.

Renan está se sentindo desprestigiado, perdendo espaço no partido e quer apresentar suas demandas ao presidente, que, por sua vez, quer evitar que as disputas do PMDB prejudiquem a tentativa de retomada do crescimento e, principalmente, a aprovação das reformas no Congresso.

O governo sabe exatamente o motivo dos ataques desferidos por Renan: descontentamento por conta da perda de poder e de espaço no partido. Uma perda não só no cenário nacional, como também em sua região de influência. Corre o risco de não ser reeleito ao Senado, assim como seu filho, o governador Renan Filho também sai enfraquecido para disputas futuras.

O ex-presidente do Senado tem reclamado de Temer ter dado espaço ao deputado Maurício Quintella (PR-AL), que não integra seu grupo político, nomeando-o ministro dos Transportes, o que o enfraquece localmente. Uma prova disso foi a derrota de seu candidato às eleições municipais em outubro.

Daí a iniciativa de Renan de pleitear a Secretaria de Portos, que fica no Ministério dos Transportes de Quintela. Ele quer também mais espaço na Codevasf.

Outra avaliação que circula no Planalto é que as afirmações de Renan sobre Eduardo Cunha, mesmo preso, estar indicando apadrinhados a cargos no Planalto, na verdade visam defender a permanência de Eliseu Padilha na Casa Civil. O ministro, com quem tem mais afinidade do que com Moreira Franco – ministro da Secretaria Geral e outro nome forte no governo – está afastado temporariamente, por motivos de saúde.

O governo entende também que Renan está reagindo ao avanço da bancada da Câmara em relação a cargos tradicionalmente ocupados pelo Senado, como é o caso da liderança de governo no Congresso, dada ao deputado André Moura.