Desde que assumiu o governo, em maio de 2016, o presidente Michel Temer concentrou todos os esforços na agenda das reformas, como a Trabalhista e a Previdenciária. Agora, depois do tempo de sacrifício, vem a fase de exibir as conquistas de sua gestão. Temer concluiu que chegou a hora de ir pra rua, manter contato mais próximo com as pessoas e se comunicar mais (e melhor) com a população – até como forma de mudar a imagem e a percepção da sociedade sobre seu governo.
Diante das realizações e do cenário alvissareiro, Temer se dá ao luxo de convocar a oposição para o enfrentamento político. Durante uma cerimônia em Rio Verde, Goiás, o presidente desafiou seus opositores a criticarem ações do governo ao longo da campanha eleitoral deste ano. “Quem quiser opor-se ao que o governo fez ao longo de um ano e oito meses vai ter que dizer o seguinte: ‘Olha aqui, eu sou contra o teto dos gastos público porque eu quero gastar à vontade’”, afirmou. No mesmo discurso, Temer também instigou seus adversários a se posicionarem publicamente contra as reformas trabalhistas e do ensino médio: “Quem quiser se opor ao governo terá que dizer: ‘Sou contra a reforma do ensino médio, porque quero um ensino médio anacrônico e superado’. Ou também terá que dizer: ‘Sou contra a modernização trabalhista, cujo objetivo é trazer empregos ao País’”.

“Quem é contra as reformas?”

Outra estratégia de Temer é envolver todos os segmentos da sociedade na aguardada reforma da Previdência. Se ela passar, ótimo. O governo vai resolver o déficit e aprovar a reforma mais importante de seu governo. Se for rejeitada no Congresso, Temer pretende separar o joio do trigo: mostrará que seus opositores – ou até eventuais integrantes da base aliada que roerem a corda para ficar bem com a parte dos eleitores resistentes em perder privilégios – é que foram os responsáveis pela derrota. E não o governo. “Quem perde é o próprio povo”, repetirá Temer no palanque deste ano. Candidato ou não.

As novas iniciativas do presidente já estão gerando resultados. O clima no governo não poderia ser melhor. Uma pesquisa encomendada ao Ibope pelo Planalto em janeiro, para consumo interno da base aliada, mostrou uma tendência de queda nas avaliações de ruim e péssimo do govern, além de indicar aumento nos índices de ótimo e bom. De outubro de 2017 a janeiro de 2018, o percentual de brasileiros que vêem positivamente a gestão de Temer subiu de 5% para 8%. A avaliação regular também cresceu para 28%, enquanto os índices de ruim e péssimo caíram para 64%.

“Os que querem opor-se ao governo terão que dizer: ‘Sou contra a reforma do ensino médio, porque quero um ensino médio anacrônico” Michel Temer, presidente da República

A área do governo mais bem avaliada é a do meio-ambiente, com 34% de aprovação da sociedade. Em segundo lugar, com empate técnico, estão a educação, o combate à fome e pobreza, e a luta contra à inflação. Satisfeito com os resultados, o governo acredita que está fortalecendo cada vez mais uma candidatura que represente o “legado de Temer”. Há quem diga que a estratégia envolveria até o lançamento do próprio presidente à reeleição. Em todo caso, o momento é bom para o governo e para os potenciais candidatos aliados.

O Palácio do Planalto enxerga sinais ainda mais positivos, a partir da queda da rejeição do presidente. Fontes palacianas ainda acreditam que haverá uma forte polarização na eleição presidencial. Mas, se até a condenação de Lula em segunda instância, falava-se de uma disputa entre o ex-presidente Lula e o deputado Jair Bolsonaro, os aliados de Temer, agora, acreditam que, no novo cenário, um dos pólos será ocupado pelo candidato governista. Nas urnas em outubro, avaliam os auxiliares de Temer, estarão em lados opostos as forças reformistas, composta pela base aliada, e os grupos que apoiaram Lula e Dilma por 13 anos.
No contexto da agenda positiva, o presidente aproveitou para conceder entrevistas a programas populares de rádio e televisão. Começou com Amaury Júnior no sábado 27, depois foi entrevistado por Sílvio Santos no domingo 28, e em seguida marcou presença no programa do Ratinho. Resultado: o recado do presidente, pela primeira vez, ultrapassou as fronteiras do Planalto e chegou numa linha direta e sem intermediários onde interessa, ou seja, ao povo.

Inegáveis Avanços

Teto de gastos públicos: congelou as despesas do governo federal por até 20 anos, com possibilidade de revisão depois dos primeiros dez anos

Reforma trabalhista: modernizou as relações de trabalho

Retomada da economia: o PIB voltou a crescer após a maior recessão da história do País e a previsão é de alcançar 3% em 2018. A inflação fechou 2017 em 2,95%, o menor nível em duas décadas

Reforma do ensino médio: propôs a flexibilização da grade curricular, permitindo que o estudante escolha a área de conhecimento que quiser aprofundar seus estudos

Programa Avançar: plano para finalizar 7.439 obras paralisadas. O investimento previsto é de R$ 130,9 bilhões, e a entrega das obras deve ocorrer até o final de 2018

Exploração do pré-sal: lei desobrigou a Petrobras de ser a operadora única dos blocos de exploração do petróleo da camada pré-sal, no regime de partilha de produção

Reforma da Previdência: ideia é reformular o sistema previdenciário, que fechou 2017 com déficit recorde de R$ 268,8 bilhões, e acabar com privilégios de categorias