O ex-presidente Michel Temer foi preso nesta quinta-feira como suposto chefe de uma “organização criminosa” que negociou propinas em troca de contratos de obras na usina nuclear de Angra dos Reis, afirma a decisão do juiz Marcelo Bretas, encarregado da Lava Jato no Rio de Janeiro.

A operação, batizada de “Radioatividade”, investiga “crimes de corrupção, desvio de fundos e lavagem de dinheiro devido a possíveis pagamentos ilícitos” feitos “à organização criminosa liderada por Michel Temer”, informou o Ministério Público Federal em um comunicado.

Temer, 78 anos, foi preso pela manhã em São Paulo e será transferido para o Rio de Janeiro.

Bretas emitiu ordens de prisão preventiva contra Temer e outros sete suspeitos, incluindo o ex-ministro de Minas e Energia Moreira Franco.

O Ministério Público Federal (MPF) disse que o pedido de prisão preventiva é devido à suspeita de que há uma organização criminosa em pleno andamento, envolvida em fatos clara gravidade.

De acordo com o MPF, as denúncias foram feitas com base em delação premiada de empresário envolvido no caso.

“Após celebração de acordo de colaboração premiada com um dos envolvidos e o aprofundamento das investigações, foi identificado sofisticado esquema criminoso para pagamento de propina na contratação das empresas Argeplan, AF Consult Ltd e Engevix para a execução do contrato de projeto de engenharia eletromecânico 01, da usina nuclear de Angra 3”, informou o comunicado do MPF.

O valor identificado nesse caso preciso, no final de 2014, era de 1,091 milhão de reais.

Entretanto, essa pode ser apenas a ponta do iceberg, porque as investigações sugerem que a organização criminosa praticou vários crimes envolvendo várias agências governamentais e empresas estatais, tendo obtido a promessa, o pagamento e o desvio para a organização de 1,8 bilhão de reais.