O Brasil respira novos ares sob a gestão Temer. A volta à disciplina financeira, a intolerância com ilícitos, a receptividade a propostas alheias são comportamentos adotados pelo presidente numa demonstração de cuidado com as demandas morais exigidas pelo País. Tudo numa cadência mais republicana do que vinha se verificando até então na era da mandatária afastada, Dilma Rousseff. Pressionado pelos avanços das denúncias na Lava Jato e por resistências de toda ordem dos adversários, Temer empreendeu por esses dias um estilo bem diferente ao Planalto e mostrou a que veio. Ato contínuo às acusações que recaíram sobre o seu ministro do Planejamento, Romero Jucá, resolveu afastá-lo em poucas horas para não comprometer o projeto de rearrumação da casa no âmbito executivo. Temer não esperou julgamentos finais. Não reagiu destemperadamente, alegando complô da polícia. Cumpriu o que prometeu: quem estivesse devendo teria de sair para se explicar. E assim ele fez. Destituiu Jucá de maneira sumária e soltou um comunicado polido agradecendo o trabalho do colaborador. Para quem assistiu a atos de puro acobertamento da patota, como costumava fazer a ex-ocupante do poder, é um avanço e tanto! Pilhado em flagrante numa atitude muito mais comprometedora, tentando comprar o silêncio de um depoente, o então ministro da Educação e chapa de Dilma, Aloizio Mercadante, não foi sequer afastado de suas funções. Ao contrário, teve seu desvio ignorado pela então presidente. Do mesmo modo, na mais escrachada ação de favorecimento de um investigado, Dilma nomeou o padrinho Lula para o ministério tentando assim livrá-lo da prisão, num episódio que chocou o Brasil e foi condenado por autoridades da Justiça. As diferenças abissais entre as duas administrações estão postas. Nunca se viu uma sainte e um entrante tão distintos. Em atos e palavras. Se há uma marca que pode ser atribuída ao governo em curso é a da responsabilidade. Com a coisa pública e a liturgia do poder. Algo que falta especialmente a partidários petistas que, na semana passada, mais uma vez, em comportamentos deploráveis, mostraram flertar abertamente com a baderna. Três parlamentares da agremiação, com um grupelho de servidores que eles convocaram de última hora, achincalharam Michel Temer quando este foi ao Congresso entregar a proposta de revisão orçamentária. Os deputados Paulo Pimenta, Helder Salomão e Moema Gramacho – quebrando o decoro parlamentar sem nenhuma cerimônia – agiram tais quais meros arruaceiros, hostilizando a figura do presidente, numa truculência que infringe o código de ética do Congresso. Permitir esse descaso com a democracia e suas instituições é, no mínimo, imoral. A atitude do trio deveria ser punida exemplarmente. Na sandice petista nada mais importa do que a ambição em controlar a máquina e, na busca desse intento, vale qualquer coisa, como demonstraram mais uma vez seus arautos. Em um ensaio deprimente de protesto, até a presidente suspensa Dilma arriscou comentar que o “o governo Temer é de assustar”, como a tirar proveito de um suposto deslize de seu substituto. Para os brasileiros em geral, parece piada ouvir isso justamente de quem horrorizou a Nação com os mais clamorosos atentados administrativos de que se tem notícia na história recente. Dilma Rousseff deveria se calar, recolhendo-se em nome de um mínimo de autocomiseração. Assim como o seu partido precisaria mudar por completo, aprendendo definitivamente a não distorcer fatos para levar vantagem aonde não deve. O presidente Michel Temer, que criticou as agressões, disse saber governar com pulso, distribuindo recados a aliados e adversários. E é essa sua postura, adequada para o momento, que deve descartar qualquer ameaça de ruptura constitucional. O Brasil segue adiante, agora em melhores mãos.


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