
O presidente Michel Temer defendeu o processo de impeachment que o conduziu à presidência da República em discurso na abertura da 71ª Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Temer disse que o processo aconteceu dentro da ordem constitucional, e que o Brasil mostrou que a democracia só existe com o respeito às leis. O presidente ainda classificou o trabalho das instituições do Estado brasileiro como independente, e disse que a imprensa do País é “inteiramente livre”.
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Temer também tentou transmitir otimismo com relação à economia do País. A mensagem faz parte da estratégia de recuperação traçada pela equipe econômica de Brasília, que tem o investimento estrangeiro como protagonista. A recuperação, segundo ele, inclui ainda o ajuste fiscal e parcerias de investimento. Segundo Temer, o Brasil está trabalhando para resgatar os empregos perdidos durante a crise econômica. Ele também criticou o protecionismo agrícola sem citar nomes de países. Disse ainda que barreiras sanitárias não devem ser usadas para bloquear importações e reafirmou o protagonismo brasileiro na área: “Nós ajudamos a alimentar o mundo.”
Temer dedicou parte importante de seu discurso à sustentabilidade e aos direitos humanos. Ele afirmou que a ONU deve propor soluções mais efetivas, e não pode se limitar à observação dos problemas mundiais. Como exemplo, citou a situação humanitária na Síria e as tensões em Israel. Falou da paz nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, e da inclusão da delegação de refugiados pela primeira vez na história. Também anunciou que o Brasil vai ratificar, amanhã, o Acordo de Paris, que prevê a redução da emissão de gases de efeito-estufa, além de outras medidas de fomento ao desenvolvimento sustentável.
Sobre política atômica, o presidente disse que “o Brasil pode falar com a autoridade de quem usa energia nuclear somente para fins pacíficos.” Ele afirmou que esforços de não proliferação desse tipo de armamento têm falhado, e citou como exemplo os testes atômicos conduzidos, recentemente, pela Coreia do Norte. Positivamente, falou do caso do Irã, que recentemente chegou a um acordo com a comunidade internacional sobre o assunto. “Celebramos o triunfo da diplomacia”, disse. Também comemorou o acordo de paz entre o governo da Colômbia e as FARC.
Michel Temer também lembrou a retomada das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba, dizendo que o acontecimento mostrou que “não existe conflito eterno”. Ele se posicionou contra o embargo econômico à Cuba, e disse que espera ver o fim do bloqueio. Economia forte, direitos humanos, segurança e liberdade devem ser objetivos de todos, independentemente da ideologia, disse o brasileiro. “Nessa segunda década do século 21, não podemos ter dúvidas de que nossos problemas são globais.”