A história que se segue surpreendeu o Brasil. Chico Buarque, compositor, cantor e escritor dos mais consagrados, processou, coberto de razão, o deputado federal Eduardo Bolsonaro. Motivo: o filho do presidente apropriou-se da canção Roda Viva e a usou como trilha sonora de postagem apoiando atos antidemocráticos. A juíza substituta do 6º Juizado Especial Cível da comarca de Lagoa, no Rio de Janeiro, indeferiu a ação. Explicou que faltava comprovar que Roda Viva foi composta por Chico. Até a quarta-feira 30 a decisão não fora reformada. Vão aqui alguns esclarecimentos:

ARQUIVO/ESTADÃO CONTEÚDO

*Em 1967, Chico, juntamente com o grupo MPB4, apresentou Roda Viva no Festival da TV Record. Ganhou o terceiro lugar.

*Em 1968, integrantes do Comando de Caça aos Comunistas, grupo paramilitar, invadiram o Teatro Ruth Escobar, em São Pulo, e agrediram atores e atrizes. Encenava-se Roda Viva.

*Em 2017, Roda Viva foi incluída no Enem e creditada a Chico.

*Pouca gente sabe: Chico frequentava em São Paulo, no início da juventude, uma quitanda batizada como Sem Nome (rua Doutor Vila Nova).

*Ele rascunhou a letra de A Banda e Roda Viva em suas paredes.

COMPORTAMENTO
EUA perdem US$ 1,6 bilhão pela demora na emissão de visto a turistas brasileiros

CONTROLE Alfândega norte-americana: rigor em excesso prejudica o turismo (Crédito:Divulgação)

Pesquisa da U.S. Travel Association: os EUA têm deixado de ver entrar em seu território uma considerável quantia de dinheiro de turistas brasileiros devido à demora na concessão de visto. A obtenção da autorização vem ultrapassando o período de um ano. Estima-se que, somente em 2023, potenciais turistas do Brasil deixariam com os americanos algo em torno de US$ 1,6 bilhão (aproximadamente US$ 8,5 bilhões). Toda dificuldade teve início no auge da pandemia – isso era inevitável –, mas o problema perdurou: hoje em dia é preciso esperar, em São Paulo, por exemplo, 482 dias para uma primeira entrevista no consulado.

*Mesmo com a crescente demora em se conseguir um visto de turista para os EUA, o Brasil é o país que mais recebeu esse tipo de documento em setembro: 58.056.

*Cerca de 6,6 milhões de turistas de diversas nacionalidades poderão deixar de gastar nos EUA, em 2023, cerca de US$ 11,6 bilhões.

TRAGÉDIA
Chuva, morte e destruição

PARANÁ Desabamento na BR-376: duas mortes confirmadas até a quinta-feira 1 (Crédito:Divulgação)

Em épocas de fortes chuvas há deslizamentos de encostas de morros que engolem casas e matam gente em locais inapropriados à habitação, sendo que tais tragédias poderiam ser evitadas com investimentos do poder público. Em rodovias a prevenção é mais difícil. A estrada BR-376, na cidade paranaense e litorânea de Guaratuba, foi onde aconteceu o mais grave deslizamento com as tempestades dos últimos dias. Até a quinta-feira 1 confirmavam-se duas mortes e estimava-se que outras 30 teriam ocorrido. Também no Espírito Santo houve destruição, sobretudo na BR-101, em Aracruz — município que nem teve tempo ainda de se recuperar do trauma dos ataques a tiros que mataram quatro pessoas em escolas.

BRASIL
Senhores deputados, o Estado é laico

DISCURSO Pastor Sargento Isidório: projeto de um artigo só (Crédito:Paulo Sergio)

A laicidade do Estado, dada na Constituição, foi desrespeitada pela Câmara dos Deputados que aprovou projeto de lei do deputado federal Pastor Sargento Isidório. O projeto contém um único artigo e congela o Antigo e o Novo Testamento, vedando-lhes qualquer “alteração, edição ou adição”. O deputado conseguiu que instituições republicanas (laicas, repita-se) zelem por uma única versão da Bíblia – a que é seguida pelos evangélicos. Cabe lembrar que o texto bíblico é diversificado: há aquele dos católicos, definido no século 16 no Concílio de Trento; há a Bíblia dos protestantes com sete Livros a menos; há ainda a Bíblia ortodoxa. Diferenciam-se, caso sejam traduzidas do grego ou do latim. Finalmente, frise-se que todas as religiões têm de ser respeitadas. E os textos precisam ser revistos constantemente para serem adaptados à dinâmica de distintas culturas e sociedades.