O presidente da Câmara dos Vereadores de São Paulo, Ricardo Teixeira (União Brasil), prometeu rever o valor do vale alimentação e refeição pago para vereadores e servidores do Legislativo municipal. A declaração foi dada em entrevista à ISTOÉ.
No fim de julho, Teixeira assinou o aumento para R$ 93 nos benefícios, um reajuste de 9,41% em relação a 2024. Com o aumento, o valor mensal do benefício saltou para R$ 2.033,93.
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Questionado sobre a relação entre a média nacional e o valor pago para os vereadores, Teixeira admitiu que há uma disparidade e afirmou que irá sugerir à Mesa Diretora a possibilidade de mudança do cálculo.
“Acho um valor alto, injusto e disparatado. É injusto perto do que ganha o resto da população, então tem que ser discutido na mesa e tirar um novo índice de reajuste. Estou esperando a volta dos trabalhos para conversar com a mesa diretora para discutirmos sobre o tema e a possibilidade de mudar a regra”, afirmou.
O reajuste considerou o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-FIPE) dos alimentos março do ano passado e fevereiro deste ano. Valor chega a ser mais baixo que a inflação registrada para o período.
Com o aumento, a Câmara irá desembolsar cerca de R$ 4,5 milhões de vale-refeição e R$ 4,1 milhões em vale-alimentação por mês. Teixeira afirma ter apenas seguido uma regra e nega ter reajustado o valor de ofício.
“O que fizemos foi seguir a regra do IPCA sobre os alimentos. Isso aconteceu agora, no recesso, onde só demos o encaminhamento. Eu acho que merece essa discussão na Casa”, ressalta.
Ricardo Teixeira considera”suicídio” liberação de mototáxi sem regulamentação
Em entrevista à ISTOÉ, Ricardo Teixeira classificou como “suicídio” a liberação do serviço de mototáxi na capital sem regulamentação, citando o alto número de mortes no trânsito para justificar sua posição. A declaração vai de encontro com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), principal porta-voz contra o serviço.
Empresas de aplicativo chegaram a liberar o uso de mototáxi em maio, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou a suspensão até que a prefeitura defina regras, fixando prazo de 90 dias. Teixeira defende que o oferecimento do serviço seja condicionado ao índice de acidentes e vê riscos consideráveis de aumento nos dados no Centro Expandido.
“Me parece que você colocar outra pessoa na moto, que não sabe andar de moto, não é o mesmo que você colocar uma sacolinha para levar comida. É um ser humano que está ali. Se estamos com esse número de mortes por dia no asfalto, a liberação vai fazer esse índice subir consideravelmente. Pode existir esse trabalho em São Paulo? Pode. Mas, para isso, precisamos ter o número de 4,5 mortes por 100 habitantes como parâmetro”, disse.
“Esse é um ponto a se discutir. A Marginal Pinheiros, por exemplo, tem 11 mortes por acidentes com motocicletas por ano. Na [Marginal] Tietê, são 10 por ano. Na Radial Leste, 9. Me parece que nessas avenidas é [você cometer um] suicídio. Vai matar mais gente. Precisa discutir quais pontos o serviço deverá ser regulamentado”.
Teixeira criticou as empresas por tentar “virar a chave” para emplacar o serviço sem autorização, mas admite a necessidade de avanços nos estudos para a regulamentação do mototáxi em São Paulo. Entre os pontos que devem entrar em discussão deve abarcar desde a cilindrada da moto até a idade do motociclista.
“Não dá para uma empresa chegar em uma cidade do tamanho de São Paulo e falar que amanhã terá um novo sistema de transporte na cidade”.
“É preciso de um estudo, um debate. Temos 55 cabeças dentro da Câmara discutindo projetos. É diferente você colocar em uma cidade pequena. Outros detalhes que podem ser regulamentados é a idade mínima para que o motoqueiro trabalhe no setor, a cilindrada da moto, as ruas que vão andar. Pode-se fazer uma regulamentação ampla”, completa.