Técnicos de Chile e Colômbia reclamam de uso do VAR em lances de impedimento

O VAR foi um dos personagens da sofrida classificação do Chile às semifinais da Copa América, na noite de sexta-feira, definida na disputa de pênaltis, após empate por 0 a 0 na Arena Corinthians, em São Paulo. O resultado poderia ter sido diferente, pois a arbitragem anulou dois gols chilenos, marcados por Aránguiz e Vidal, após consulta ao vídeo. Mas, mais do que por essas decisões do juiz, que foram corretas, o uso da tecnologia incomodou os técnicos das duas seleções, por interferir na dinâmica do jogo.

As críticas mais duras vieram do português Carlos Queiroz, comandante da Colômbia. “Durante cem anos, tinha uma pessoa no campo que tomava as decisões em um segundo. Agora, param o jogo e vão ver uma coisa que já foi vista”, reclamou o treinador.

Queiroz protestou, principalmente, contra a orientação de que os árbitros, se tiverem dúvida em lances de impedimento, não marquem a infração, esperando a conclusão da jogada para conferir no vídeo se o jogador está adiantado caso o lance termine em gol. Para ele, isso pode fazer com que um lance reconhecidamente ilegal provoque outras consequências na partida.

“Há uma indicação de impedimento de uma pessoa (o auxiliar da arbitragem) a uns 40 metros do lance. Mas o árbitro manda continuar, e os jogadores seguem. Nós não sabemos o que fazer. Vamos para o lance? Imagina se o defensor, ao tentar um desarme, faz uma falta e recebe o vermelho? O que o árbitro faz, anula o cartão?”, disse.

Embora dois gols do Chile tenham sido anulados na noite de sexta, o técnico Reinaldo Rueda até tentou evitar fazer críticas mais severas ao VAR, apontando ser preciso lidar com essa nova realidade no futebol. Mas, em opinião parecida com a de Queiroz, reclamou que a demora na tomada de decisões pelos árbitros pode afetar até mesmo a integridade dos jogadores.

Também citando os lances de impedimento, Rueda apontou que a orientação aos árbitros deveria ser de parar os lances, sem esperar a orientação do VAR. “Essa modificação deveria ser alterada pela International Board porque pode provocar uma lesão no atacante, no goleiro. Isso não teria volta”, alertou o treinador.

O confronto pelas quartas de final entre Chile e Colômbia não foi o único desta Copa América com interferência direta do VAR. Em seus dois primeiros compromissos, a Venezuela não foi vazada graças ao recurso que anulou quatro gols nas partidas diante das seleções peruana e brasileira, que terminaram com o placar de 0 a 0. Na última quinta, no duelo entre Brasil e Paraguai, a arbitragem não marcou pênalti para a seleção de Tite, mas expulsou Balbuena após consulta ao recurso pela falta cometida fora da área.