Os técnicos das seleções masculinas da Espanha, Luis de la Fuente, 60 anos, e do Brasil, André Jardine, 41 anos, passaram grande parte da vida treinando equipes de divisões de base e agora podem conquistar uma medalha de ouro olímpica neste sábado, nos Jogos de Tóquio, embora ambos já se sintam vencedores com seus projetos de sucesso.

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Espanhóis e brasileiros vão estrelar uma final dos sonhos em Yokohama, ambos buscando conquistar ouro pela segunda vez, após as vitórias em Barcelona-1992 e Rio-2016, respectivamente. Mas para seus treinadores também significa ver meninos que acompanharam por anos alcançando um degrau mais alto na carreira. Portanto, o título seria a recompensa pelo trabalho de formar jogadores.

Suas histórias no futebol seguiram caminhos diferentes, tiveram alguns pontos em comum e acabaram no mesmo lugar: Yokohama.

Base conhecida

De la Fuente foi jogador profissional. Ele defendeu o Athletic Bilbao por sete temporadas como lateral-esquerdo. Depois foi para Sevilla, voltou a Bilbao e encerrou a carreira em 1994, para se tornar treinador.

Chegou a defender a Espanha na Eurocopa, atuou na seleção Sub-21 e até jogou em uma Olimpíada. No entanto, ganhou mais notoriedade como técnico.

Depois de começar a dirigir clubes modestos como o Portugalete, na categoria regional, em 1997, só em 2013 é que chegou à Federação Espanhola para trabalhar nas categorias de base da seleção.

Em julho de 2015 conquistou seu primeiro título, o Europeu Sub-19 na Romênia, onde teve contato com jovens que estão hoje na equipe olímpica, incluindo o capitão Mikel Merino e o autor do gol da semifinal Marco Asensio.

“Quando assumi o comando deste grupo, disse que estava muito calmo porque os conheço e eles me conhecem”, disse De la Fuente.

Há cinco anos, “fomos campeões europeus Sub-19 e eles sabem o quanto sou exigente e o que posso pedir a eles”, acrescentou.

A classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio veio com a conquista do Europeu Sub-21 na Itália em 2019, torneio em que jogaram garotos como Mikel Oyarzabal, Dani Olmo ou Dani Ceballos, hoje em Yokohama.

“Sinto muito orgulho e imensa alegria por reencontrá-los. Estou feliz por trabalhar com eles. As mudanças que tenho visto são de maturidade. Eu os conheci em 2015 e já eram muito bons. Agora eles estão ainda melhores. Eles amadureceram e tenho orgulho de ver que, com todo o trabalho na sua formação, deixamos aquele legado que queríamos”, explicou o técnico à imprensa espanhola.

Palavras que costumavam ser usadas por treinadores acostumados a trabalhar com novatos, como o argentino José Pekerman ou o francês Raymond Domenech, que mais tarde colheram frutos com seus projetos de sucesso de renovação.

“Um homem de sucesso é aquele que faz o que é apaixonado todos os dias”, afirma De la Fuente.

“Sou um homem de sucesso porque faço o que amo. Poder fazer do meu trabalho a minha paixão é um luxo ao alcance de muito poucas pessoas” filosofa.

Professor de Educação Física

Sem nunca ter sido jogador de futebol profissional – apesar de ter passado pelas divisões de base do Grêmio -, mas apaixonado por treinar jovens promessas, Jardine começou sua carreira nas categorias inferiores do Internacional, em Porto Alegre, sua cidade natal, após se formar como professor de Educação Física.

Seu bom trabalho nas divisões de base o manteve no cargo por 10 anos, de 2003 a 2013. Depois ele foi trabalhar com futuros craques no rival Grêmio em 2014.

Pouco depois, Jardine foi contratado pelo São Paulo para trabalhar na base, de 2015 a 2018.

Em abril de 2019, a Confederação Brasileira de Futebol o convocou para comandar o Sub-20 e em seguida o Sub-23, após a saída de Sylvinho.

“Jogar a final olímpica é um sonho. Estou orgulhoso deste grupo. Durante as palestras anteriores, elogiei os jogadores por sua dedicação e esforço em todos os momentos. Nenhum deles mostrou vaidade e sempre respeitaram minhas decisões”, disse o treinador brasileiro em entrevista coletiva.