A novidade anunciada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) de que o Campeonato Brasileiro deste ano terá limite na troca de técnicos agradou bastante aos profissionais da área. Consultados pela reportagem, treinadores afirmam que a decisão de permitir os clubes a fazer somente uma troca de comando durante a competição vai resultar em um aumento no nível técnico.

Os treinadores entendem que com a aplicação dessa regra, as equipes vão passar a ter mais responsabilidade para contratar e, principalmente, vão dar mais tempo para o técnico desenvolver o trabalho. Para o técnico Jorginho, lateral-direito campeão do mundo com a seleção brasileira, a medida é válida e benéfica para todas as partes.

“Uma decisão dessa vai inibir a troca descabida de técnicos. O treinador não vai pular de galho em galho e comandar cinco times na temporada. Isso também vai fazer com que a qualidade do futebol melhore, porque o treinador vai ter tempo para trabalhar”, disse ao Estadão. Para Jorginho, o ideal seria que a medida fosse acompanhada da obrigação de o clube acertar imediatamente a rescisão com o treinador dispensado.

Segundo uma estimativa da Federação Brasileira de Treinadores de Futebol (FBTF), apenas no sistema de técnicos da CBF há o registro de 1,2 mil profissionais. A entidade calcula que apenas na última temporada do Campeonato Brasileiro, as 20 equipes foram dirigidas por 42 treinadores. Foram realizadas 33 trocas de comando. O Botafogo foi o recordista e chegou a ter cinco treinadores.

O presidente da FBTF, José Mário Barros, elogiou a mudança. “A troca de treinador acarreta uma deficiência técnica muito grande no futebol brasileiro. Estamos perdendo nossas características. Muitos técnicos queimam etapas porque precisam assumir um emprego, trabalhar e ter resultado para se manter no cargo, e não para desenvolver o time”, disse.

A CBF colocou a mesma proposta de limite de técnicos em pauta nos três últimos anos. Os clubes não aceitaram. Dessa vez, a ideia foi aprovada. A nova regra estabelece ainda que o treinador também não poderá dirigir mais que dois times em uma mesma edição do Campeonato Brasileiro. Ou seja, os próprios profissionais terão de ser mais criteriosos na hora de aceitar uma proposta.

“O treinador que está fora do mercado e tem qualidade, vai precisa ter mais paciência. Vai ‘rodar menos’ a fila de oportunidades. Só que acho uma ideia benéfica, porque é preciso dar tempo para o técnico conhecer o elenco”, analisou o técnico Jayme de Almeida, campeão da Copa do Brasil de 2013 pelo Flamengo.

Para o experiente Celso Roth, o limite de dois times por temporada para os técnicos serve para ajudar na estabilidade e não deve ser vista como um obstáculo à carreira. “A novidade é uma boa tentativa para o treinador ter uma sequência de trabalho. A recolocação no mercado de trabalho é uma escolha do técnico. Acho que a regra não vai atrapalhar nisso, não”, afirmou.