Duas pessoas foram presas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro durante a segunda-feira, 14, por suspeita de envolvimento no transplante de órgãos que infectaram seis pessoas com HIV. Um dos detidos, Walter Vieira, é médico e sócio do PCS Lab Saleme, responsável pela emissão do atestado de qualidade das partes do corpo dos doadores.

O outro preso é Ivanilson Fernandes dos Santos, técnico responsável pelos testes feitos com os órgãos. O homem revelou que realizava o controle da sorologia diariamente até dezembro de 2023 e, a partir deste ano, o teste passou a ser feito semanalmente sob a responsabilidade da coordenadora Adriana Vargas. As informações são do “Jornal Nacional”, da TV Globo.

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O detido declarou às autoridades que o controle deve ser feito diariamente para evitar a degradação dos reagentes. O homem afirmou que recebeu as instruções de não realizar os testes todos os dias por economia, já que os kits seriam “muito caros”. Segundo o suspeito, a coordenadora Adriana Vargas ordenou que era necessário economizar “porque estava tendo muitos gastos”.

Conforme a Polícia Civil, Ivanilson ressaltou que acreditava na possibilidade de algo ruim acontecer em decorrência da falta de testes diários e por isso estava pensando em se desligar do laboratório. O homem foi demitido na sexta-feira, 11, mesmo dia em que seis pacientes receptores dos órgãos testaram positivo para HIV.

O médico Walter Vieira assinou um dos laudos negativos para a presença do vírus que liberou órgãos infectados para transplante. O suspeito informou às autoridades que um dos resultados falsos era de culpa de Cleber de Oliveira Santos, coordenador de biologia do PCS Lab Saleme que está foragido, que deveria ter checado o equipamento utilizado nos testes.

Ainda, o sócio do laboratório declarou que em outro laudo, Ivanilson digitou o resultado errado e a falha não foi conferida pela funcionária Jacqueline Iris Bacellar de Assis. A mulher teve a prisão decretada na segunda-feira, 14, e deu entrevista antes de tomar conhecimento da ordem judicial.

A mulher alegou que era uma funcionária burocrática do PCS Lab Saleme e não uma biomédica, como consta no laudo. Jacqueline também ressaltou que sua assinatura foi usada indevidamente. “Eu fazia a conferência de estoque, realizava pedido de insumos, preenchimento de planilhas”, contou a funcionária.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, o laboratório não presta mais exames ao estado e uma comissão foi criada para acolher os pacientes afetados.

O PCS Lab Saleme informou que irá fornecer suporte médico e psicológico aos receptores dos transplantes infectados assim que tiver acesso à identidade deles.