A seleção brasileira enfrenta no estádio do Morumbi, em São Paulo, nesta sexta-feira, a Venezuela como adversária nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022 e vai encontrar como rival um treinador que por pelo menos duas vezes esteve muito perto de trabalhar no futebol brasileiro. O português José Peseiro chegou a conversar neste ano com o Flamengo e em 2015 quase assumiu o São Paulo.

Por uma coincidência, se Peseiro não teve a oportunidade de trabalhar no Morumbi como técnico do São Paulo anos atrás, estará no estádio para enfrentar a seleção brasileira no confronto mais difícil desde que assumiu o comando da Venezuela, em fevereiro. Aos 60 anos, o treinador teve passagens por times portugueses, foi auxiliar do Real Madrid e trabalhou também no Oriente Médio.

O currículo atraiu recentemente o Flamengo. Em julho deste ano, logo após perder o português Jorge Jesus para o Benfica, o clube carioca se reuniu com Peseiro no Algarve, em Portugal. A diretoria também fez uma série de reuniões pela Europa para encontrar um substituto até fechar com o espanhol Domènec Torrent, que foi demitido nesta semana para dar lugar a Rogério Ceni.

Porém, a negociação mais avançada feita entre Peseiro e o futebol brasileiro se deu em 2015. Em maio daquele ano, o São Paulo buscava um treinador depois da saída de Muricy Ramalho. O clube decidiu por ter um estrangeiro. A primeira opção foi o argentino Alejandro Sabella. Com o insucesso, o português se tornou a opção, foi acionado e veio até a capital paulista para um encontro com dirigentes.

Presidente do São Paulo na época, Carlos Miguel Aidar esteve com Peseiro e afirma que por pouco não assinou com ele. O time do Morumbi preferiu contratar o colombiano Juan Carlos Osorio. “Ele (Peseiro) queria muito vir treinar o São Paulo e até ofereceu uma condição financeira insuperável. Mas nós cometemos um grave erro na época e trouxemos o Osorio. Eu me arrependo de não ter trazido o Peseiro”, afirmou ao Estadão.

Peseiro havia acabado de encerrar uma passagem pelos Emirados Árabes Unidos e veio ao Brasil disposto a convencer os são-paulinos de que merecia oportunidade. Nas conversas, apresentou planos sobre modelo de jogo e como pretendia escalar o time. “O que me impressionou nele foi o conhecimento do futebol mundial e a experiência profissional dele. Fiquei impressionado com a abordagem de caráter técnico que ele me apresentou na época, sobre como o time deve se comportar diante de diferentes propostas de jogo”, relembrou Aidar.

Dentro da cúpula do clube, houve uma divergência sobre qual o treinador merecia ser contratado. Aidar e outros dirigentes viajaram na época para Medellín, na Colômbia, onde se encontraram com Osorio e estiveram na casa do treinador, que até mostrou vídeos sobre jogos do São Paulo e fez análises sobre o posicionamento do time. O conhecimento causou ótima impressão e o clube logo decidiu em apostar na vinda do colombiano, que quatro meses se despediria para assumir a seleção do México.

Após a recusa do São Paulo, Peseiro teve outras passagens por times portugueses e assumiu a Venezuela no início do ano na vaga de Rafael Dudamel, contratado pelo Atlético-MG. Pela seleção, o treinador disputou somente duas partidas e perdeu ambas – 3 a 0 para a Colômbia, fora de casa, e 1 a 0 para o Paraguai, como mandante.