Não fazia parte dos planos de Bernardinho ter Renan Dal Zotto como seu sucessor no comando da seleção brasileira de vôlei. Os dois são amigos, mas o ex-treinador da seleção havia preparado Roberley Leonaldo, o Rubinho, para assumir o cargo depois que o deixasse. Em entrevistas, o próprio Bernardinho já declarou que não pensava em Renan, porque havia passado para a função de dirigente. Ressaltou, no entanto, que o colega de tantos anos terá todo o seu apoio.

O desempenho da seleção deixou a desejar na opinião dos críticos mais severos em alguns momentos, como no da sofrida classificação para Tóquio-2020, com vitória por 3 a 2 sobre a Bulgária. Mas a conquista da Copa do Mundo, no final de 2019, no Japão, despertou otimismo quanto às chances do bicampeonato olímpico.

O clã Mossa se divide quanto ao trabalho de Renan. Bruninho elogiou algumas mudanças promovidas pelo novo treinador. Uma das principais foi sacrificar o potencial ofensivo de Lucarelli, que assumiu maior responsabilidade no passe, para aproveitar o impressionante poder de ataque do cubano naturalizado brasileiro Leal. “O Renan colocou na cabeça do Lucarelli que ele será fundamental como passador, e ele teve a generosidade e a boa vontade de aceitar esse papel”, diz.

O maior “corneta” da família, Carlos Luiz Mossa, não está totalmente convencido com Renan. “Estou curtindo a seleção, mas parece que está faltando alguma coisinha. O Bernardo indicou o Rubinho, mas os caras da CBV não quiseram. A gente não sabe direito o que corre lá na Confederação”, observa o avô de Bruninho.

Renan ainda não tem uma trajetória como técnico de clubes digna de cair o queixo de quem acompanha o vôlei. Mesmo comandando um supertime, o Olympikus, no final dos anos 1990 (com Giba, Nalbert, Carlão e Mikinkovic), foi superado na final do Campeonato Paulista pelo Suzano, uma equipe inferior. Na Superliga, o time de medalhões foi batido pela Ulbra.

De qualquer maneira, Bruno aposta nas chances da seleção brasileira em Tóquio, mesmo antecipando que o nível do torneio será muito parelho. “O vôlei vive um momento de extremo equilíbrio. Temos seis candidatos a medalha de ouro (Polônia, Brasil, Estados Unidos, Rússia, França e Itália). Serão duas semanas de muito foco, concentração e luta. A gente acredita que pode chegar lá, confiamos nas nossas possibilidades, mas dependemos de vários fatores”, analisa o levantador.