Os principais indicadores acionários americanos mostraram recuperação das perdas registradas no início da sessão e fecharam em alta nesta quarta-feira, 4, em meio a um arrefecimento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, com a possibilidade de negociações entre os dois países, após anúncios de ambos os lados de tarifas sobre produtos importados.

O índice Dow Jones fechou em alta de 0,96%, aos 24.264,30 pontos; o S&P 500 avançou 1,16%, aos 2.644,69 pontos; e o Nasdaq subiu 1,45%, aos 7.042,11 pontos. Entre os setores, as techs novamente tiveram destaque, com o subíndice de tecnologia do S&P 500 encerrando o dia com ganho de 1,37%.

Na terça-feira, os EUA anunciaram detalhes sobre os cerca de US$ 50 bilhões em tarifas que pretendem impor contra a China, com o argumento de que desejam se proteger do roubo de propriedade intelectual. Em resposta, o governo de Pequim divulgou uma lista de produtos americanos que podem ser alvo de retaliações, no mesmo montante. Entre os possíveis alvos chineses estão aeronaves, motores de automóveis e soja. Ainda não há confirmação de que as medidas dos dois lados se concretizarão.

“Apesar da continuidade das tensões comerciais, os riscos de protecionismo provavelmente estão no ápice neste momento”, comentou o economista Zach Pandl, do Goldman Sachs. Em nota a clientes, o analista disse esperar que as negociações entre EUA e China “reduzam a quantidade de importações afetadas”, tendo em vista as recentes ações comerciais envolvendo a imposição de tarifas pelos EUA à importação de aço e de alumínio. Além disso, Pandl afirmou que, mesmo com alguns sinais de desaceleração, o crescimento global continua forte. “Enquanto os riscos para o cenário macro podem estar subindo, continuamos a pensar que a forte perspectiva de crescimento global permanece intacta.”

Nesse cenário, ações de montadoras amanheceram em forte queda, mas inverteram o sinal e fecharam em forte alta. A Boeing também amenizou as perdas ao longo do dia, mas ainda fechou em baixa de 1,02%.

No entanto, um dos setores de maior destaque da sessão foi o de tecnologia. As techs foram as mais penalizadas desde 19 de março, quando o escândalo envolvendo o uso inadequado de informações de usuários do Facebook pela empresa de análise de dados Cambridge Analytica veio à tona. Além disso, a perspectiva de que as tarifas dos EUA contra a China pesariam no setor também contribuiu para parte da queda nas ações das empresas. A maré baixista das companhias de tecnologia deu uma trégua nas duas últimas sessões, e, nesta quarta-feira, as gigantes do setor voltaram a subir firmemente. A Apple subiu 1,91%, a Netflix avançou 1,86%, a Alphabet registrou alta de 1,08% e o Twitter ganhou 2,58%.

O Facebook, no entanto, divergiu e fechou em queda de 0,65%, após a companhia ter elevado a quantidade de usuários alvo do uso inadequado de dados pela Cambridge Analytica de 50 milhões para 85 milhões, sendo que a maioria é americana. Já a Microsoft apresentou valorização de 2,92%, após informar que vai investir US$ 5 bilhões nos próximos quatro anos no desenvolvimento da internet das coisas.