Alexandra Richter apresenta cinco personagens diferentes em esquetes diversas e hilárias, todas ligadas às fases da lua. Entre elas, destaque para Marly de Bangu, a empresária serial que tem a solução para todos os problemas no planeta Terra: deixá-lo pra trás e viver na Lua.

“Ela jura que sua empresa já pode ser considerada unicórnio [empresas que faturam mais de 1 bilhão de dólares]. Está tentando vender a cápsula lunar, além de terreno na Lua e serviços ag regados. Quer convencer os futuros compradores que morar na lua é a solução porque na Terra não dá mais”, comenta a atriz.

No quadro “Uma Loira à Deriva”, o desejo de sentir emoções em alto mar leva a personagem a pagar uma mesa exclusiva, colada ao palco do show de Roberto Carlos. Tudo o que ela queria era ser vista pelo Rei em seu cruzeiro. Mas o aquecimento climático mandou um iceberg na rota do navio e ela foi parar numa ilha nada paradisíaca. “Ela vai reconhecendo o lixo jogado por ela mesma. É um quadro bem atual. Inserimos um assunto sério, necessário, mesmo em um espetáculo cômico.”

Em outro esquete, a atriz faz teste para comercial de um xarope a ser tomado uma vez ao dia. “Só que ela vai errando o texto e bebendo sem parar até ficar completamente louca.” Tem os quadros da atriz cômica reprovada para o papel de Medeia (por não ter physique du role, de acordo com o diretor); e também fantasiada de Mulher Maravilha fazendo telegrama animado no teatro.

Sucesso de público e crítica, a primeira montagem do espetáculo há 18 anos projetou o nome da atriz e chamou a atenção da TV Globo. “Maurício Shermann [então diretor] foi me assistir numa segunda-feira e me convidou para fazer um quadro no Zorra Total.” Sobre sua personagem Julinha, na novela Além da Ilusão, a atriz só tem elogios: “Depois desses anos tão difíceis e de tantas perdas, eu amei poder fazer parte desta novela linda, que é um sucesso e o clima de gravação é delicioso. Fazer uma personagem leve e divertida foi um presente. E que núcleo delicioso, só alegria!”.

Tributo

Quando idealizou a primeira montagem de Uma Loira na Lua, em 2004, junto com Alexandra Richter, o desejo do encenador era voltar ao teatro depois de 20 anos de produção de elenco na TV Globo. “Juntei um grupo de atores em casa para procurar um texto de comédia”, conta. A turma da pesada do diretor reunia Alexandra Richter, Leandro Hassum, Mônica Martelli, Claudio Torres Gonzaga e Leo Jayme.

“Os atores não eram famosos ainda, depois todos estouraram.” O grupo encontrou um texto “maravilhoso”, mas não conseguiu os direitos para montar. “Vamos fazer eu e você”, disse para Xanda,“ que tinha uma grande facilidade em imitar pess oas”. Os dois criaram vários personagens e convidaram Ana Paula Botelho e Marcelo Melo para escrever os textos de Uma Loira na Lua.

Depois de intenso trabalho de pesquisa sobre o riso e também por Alexandra ser muito parecida com a Lucille Ball (“sempre fui muito apaixonado pela atriz”), o espetáculo foi concebido para ser uma grande homenagem à artista americana. “Foi um sucesso. Barbara Heliodora [crítica de teatro] colocou a gente nas alturas. O Flávio Marinho [autor] escreveu (em seu livro Quem tem Medo de Besteirol) que nós éramos os reinventores do gênero.” O diretor afirma que a essência do espetáculo é a mesma, “com os mesmos autores, a mesma atriz e a mesma direção. A gente tenta repetir o que construiu com uma nova roupagem, novo s textos e novos personagens.” A atualidade vem para a cena com assuntos sobre ecologia e pandemia.

Serviço

Teatro Opus Frei Caneca
Temporada de 5 de agosto a 25 de setembro
Sexta e sábado, às 20h. Domingo, às 19h.  
Rua Frei Caneca, 569, Consolação. São Paulo. Cep 01307-001
Ingressos – De R$ 25,00 a R$ 90,00. Podem ser adquiridos neste site
Duração– 60 minutos
Classificação Indicativa – 14 anos