Os juros futuros subiram, em meio ao aumento do ruído político e notícias negativas para a inflação. Num dia em que o avanço do dólar também afetou a curva, o movimento foi potencializado pela liquidez fraca sem negócios em Wall Street. O mercado elevou o grau de conservadorismo nas apostas para a Selic, com a curva voltando a precificar integralmente a chance de um aperto de 1 ponto porcentual no Copom de agosto e algum risco de ser até mais.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 5,74%, de 5,692% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 7,078% para 7,17%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 8,23%, de 8,155% no ajuste de sexta-feira e a do DI para janeiro de 2027 passou de 8,603% para 8,67%.

O estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, afirma que o que está mais fazendo preço é a questão política. “O ambiente está muito turbulento e o aumento do ruído político deixa o mercado mais cético sobre a agenda de reformas até o fim do ano”, disse, destacando que o debate sobre a administrativa está arrefecendo e a tributária está envolta em muitas divergências. Ao risco CPI somaram-se mais uma pesquisa mostrando forte queda na popularidade do presidente Jair Bolsonaro e divulgação de gravações que mostram seu suposto envolvimento no esquema das “rachadinhas” quando era deputado federal pelo Rio.

Pesquisa da CNT/MDA mostrou hoje que a popularidade de Bolsonaro caiu para 27,7% em julho, o mais baixo desde o início da atual gestão.

A Petrobras anunciou reajustes nos preços de combustíveis como forma de reduzir a defasagem ante as cotações internacionais, mas que também vão pesar no IPCA, num momento em que já há grande preocupação em relação aos efeitos da crise hídrica. Os reajustes, principalmente o de 6% na gasolina, vão puxar mais a inflação ajudaram a estimular uma série de revisões em alta para a Selic este ano.

Flávio Serrano, economista-chefe da Greenbay Investimentos, elevou a projeção para o IPCA de 2021 de 6% para 6,20%, considerando que os preços do petróleo devem ficar na faixa de US$ 75 a US$ 80 o barril até o fim do ano. “O petróleo está pressionado. O câmbio deve aliviar até o fim do ano, mas os preços em reais podem ficar mais ou menos estáveis”, diz o economista. O petróleo tipo Brent subiu hoje ao maior patamar desde 2018, o que indica manutenção da defasagem elevada em relação a preços internacionais.

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A aposta de que o Copom elevaria a Selic em 0,75 ponto, que vinha ganhando espaço na curva na semana passada, hoje foi apagada, com os DIs projetando nesta tarde alta de 101 pontos-base. “O mercado não só voltou a consolidar a aposta de 1 ponto como também o risco de o Copom ser até mais agressivo”, afirmou Rostagno, referindo-se à possibilidade de 1,25 ponto, que chegou a aparecer na curva logo após a divulgação da ata do Copom.


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