Os juros futuros fecharam a quarta-feira estáveis nos vencimentos de curto e médio prazos e em alta nos longos. A atenção do mercado esteve dividida entre o câmbio, onde o dólar esteve em alta na maior parte da sessão, e o noticiário relacionado ao projeto que limita a incidência do ICMS sobre energia e combustíveis, com impacto no trecho longo. O texto pode ser votado ainda nesta quarta na Câmara e implica, por um lado, importante alívio inflacionário, mas, por outro, efeito fiscal negativo. A ata do Federal Reserve, destaque da agenda, veio conforme o esperado, com reação discreta dos ativos.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou estável ante o ajuste anterior, em 13,415%, e a do DI para janeiro de 2024 encerrou em 12,965% (13,001% na terça). O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 12,28%, de 12,259%, e o DI para janeiro de 2027, a 12,09%, de 12,009%.

Após a repercussão negativa do IPCA-15 de maio acima do consenso na terça nos contratos até o miolo da curva, nesta quarta a movimentação foi mais concentrada nos vértices a partir de 2025. O operador de renda fixa da Mirae Asset Paulo Nepomuceno viu o câmbio como a principal referência para a curva. “O dólar está subindo de forma generalizada e deixando a sensação de que o prêmio de risco para emergentes tem de ser maior”, disse. Após tocar a casa de R$ 4,86 nas máximas, o dólar perdeu força no meio da tarde, contribuindo para também reduzir o impulso de alta dos juros longos.

Os mercados tiveram uma reação inicialmente morna à ata, mas depois valorizaram o fato de que o documento não mencionou risco de aceleração no ritmo de aperto monetário para além de 0,5 ponto porcentual. Os Treasuries permaneceram comportados, sem influenciar a curva local.

Para o gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cassio Andrade Xavier, o principal vetor do dia para o mercado de juros foi a evolução do projeto do ICMS, que estabelece um teto de 17% sobre energia elétrica, combustíveis e gás natural. “Pode representar uma piora fiscal, fazendo preço na inflação (NTN-B) principalmente, mas também no DI”, afirmou.

A despeito do alívio inflacionário que o projeto original poderia trazer – algumas casas calculam em até 1,5 ponto porcentual para 2022 -, há preocupação com a fonte de compensação para a perda de receitas, que é também o ponto de conflito com os governadores e prefeitos.

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Com a sessão regular já encerrada, o relator deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA) concedeu entrevista coletiva, na qual disse que negociou com parlamentares que a União compense os entes regionais quando a perda global de arrecadação com o ICMS for superior a 5%, medida que pode facilitar a tramitação do texto. Esse gatilho será temporário e deixará de valer depois de seis meses, em uma espécie de “período de transição”. Nascimento disse que a compensação será feita por meio de abatimento da dívida desses entes com a União. Ainda, afirmou que vai incluir na lista também o querosene de aviação.

A expectativa é de que o projeto seja votado ainda nesta quarta no plenário da Câmara.


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