Taxas de juros sobem com desemprego na mínima e temor fiscal, antes de ata do Fed

Os dados do mercado de trabalho brasileiro e das contas públicas guiam as taxas de juros nesta manhã de terça-feira, 30, no último pregão de 2025 na B3. Os números, principalmente os de emprego, podem ajustar apostas sobre o ciclo de queda da Selic. A liquidez nos mercados deve continuar reduzida em semana encurtada devido ao feriado de ano-novo.

Ao mesmo tempo, a alta nos rendimentos dos Treasuries, antes da divulgação da ata do Federal Reserve (Fed), à tarde, também impõe certa cautela. Por lá, os mercados têm hoje sua penúltima sessão do ano. O documento do Fed é relativo à decisão de política monetária de dezembro, quando o banco central dos EUA cortou seus juros básicos pela terceira vez seguida. Espera-se que a autoridade monetária reforce a indicação recente de pausa nas reduções das taxas em janeiro.

Nesta manhã, o Banco Central informou que o resultado primário do setor público foi déficit de R$ 14,420 bilhões em novembro. O resultado superou a mediana negativa de R$ 13,3 bilhões das expectativas e trata-se da pior marca para novembro desde 2023.

O resultado ficou bem abaixo do consenso do mercado e da previsão da XP Investimentos, de -R$ 12,9 bilhões. Segundo o economista da XP Tiago Sbardelotto, a maior parte da diferença deveu-se a restituições de depósitos judiciais feitas pelo Governo Federal. O governo central acumula agora um déficit de R$ 83,2 bilhões em 2025 e de R$ 59,7 bilhões ou -0,47% em proporção do Produto Interno Bruto (PIB) PIB) em 12 meses, cita em nota.

Já taxa de desemprego, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), passou de 5,4% no trimestre passado para 5,2% no concluído em novembro. A taxa de desocupação (5,2%) no trimestre encerrado em novembro de 2025 foi a menor da série histórica iniciada em 2012.

A leitura de analistas é que o mercado de trabalho continua aquecido, o que pode dificultar o início do ciclo de queda da Selic já em janeiro. Isso fica um pouco mais evidente nos juros curtos.

Segundo o economista-chefe da BGC Liquidez, Felipe Tavares, o resultado, por um lado, desanima um pouco, pois havia a expectativa de que a atividade vinha perdendo ritmo, ainda que de forma gradual.

Como isso não aconteceu, reforça a indicação do Banco Central de que, com a taxa de desemprego na mínima histórica, a autoridade monetária não deve se mover, por ora. “A curva está respondendo a isso. Pode ser que quem está com estimativa de corte da Selic para janeiro, migre mais para frente. E o fiscal, com déficit maior do setor público, também influencia”, diz.

À tarde (14h) será divulgado o Caged, com expectativa de criação líquida de 79.120 vagas com carteira assinada em novembro, após saldo positivo de 85.147 postos em outubro.

Os investidores ainda calculam os impactos dos reajustes das tarifas de ônibus e metrô sobre a inflação. Nesta segunda, 29, o governo de São Paulo e a Prefeitura da capital paulista anunciaram o reajuste na tarifa do transporte público a partir do próximo dia 6. A passagem das linhas sobre trilhos subiu de R$ 5,20 para R$ 5,40. Já a tarifa dos ônibus municipais foi de R$ 5 para R$ 5,30.

A 4Intelligence estima impacto de 0,02 ponto porcentual no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2026 devido ao aumento nas tarifas. Os efeitos deverão ser distribuídos entre o IPCA de janeiro e de fevereiro, com o índice apresentando altas de 0,34% e de 0,62% nestes meses, respectivamente, conforme estima a consultoria.

Outro ponto de atenção é a acareação prevista para esta terça-feira no âmbito da investigação do caso do Banco Master, que ainda pode ser cancelada, segundo informações do Supremo Tribunal Federal (STF). A audiência, determinada pelo ministro Dias Toffoli, dependerá de avaliação da delegada da Polícia Federal (PF) responsável pelo caso. A audiência envolve o diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino, e os investigados Daniel Vorcaro, presidente do Banco Master, e Paulo Henrique Costa, ex-presidente do BRB.

Às 11 horas, o contrato de depósito interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2027 subia a 13,830%, ante 13,782% do ajuste anterior, e o DI para janeiro de 2028 estava em 13,205% (de 13,151%). Já o DI para janeiro de 2029 tinha 13,215% (de 13,199%), o DI para janeiro de 2030 era negociado a 13,3765% (de 13,375%) e o DI para janeiro de 2031 tinha 13,485%, de 13,507%.