Os juros futuros abriram julho na mesma toada positiva em que encerraram o primeiro semestre, em queda e renovando pisos históricos, hoje com destaque para a ponta longa. As taxas deste trecho foram as que mais caíram, conduzidas por um conjunto de notícias favoráveis a ativos de economias emergentes, principalmente a trégua sinalizada entre China e Estados Unidos na guerra comercial.

A expectativa favorável para tramitação da reforma da Previdência nesta semana na comissão especial também ajudou na redução da inclinação da curva. A queda dos juros curtos, mais discreta, esteve amparada nas apostas de recuo da Selic, em dia de mudanças nas medianas das projeções para Selic e PIB na pesquisa Focus, do Banco Central (BC).

“A tendência é que o mercado continue refletindo o bom humor que vimos em junho, que fez a alegria dos fundos de investimentos”, disse o estrategista de Mercados da Harrison Investimentos, Renan Sujii. No fim da sessão regular, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 5,810%, de 5,849% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 6,640% para 6,590%. A taxa do DI para janeiro de 2025 terminou em 7,05%, de 7,121%.

Profissionais nas mesas de operação chamam a atenção para o fato de que agora os contratos da ponta longa também estão cruzando a linha dos 7%, como já visto com a maioria dos que vencem até o fim de 2024 e quase aconteceu hoje com o DI para janeiro de 2025, que nas mínimas chegou a 7,03%. “A curva já fechou muito, não tem muito mais para onde cair, tem pouco prêmio”, disse o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito.

O desenho reflete o grande otimismo com o andamento da reforma. Em linha com o que afirma o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o mercado acredita haver condições para que o texto seja votado antes do recesso que começa dia 18, se cumprido o cronograma de leitura do voto complementar do relatório nesta terça e votação na quarta ou quinta-feira.

Outra questão é qual será o nível de desidratação no valor de R$ 913,4 bilhões. “A potência fiscal deve ficar perto de R$ 800 bilhões, mas o lobby corporativista está entrando muito fortemente e vamos ver o quanto isso não vai pesar no fim”, disse Sujii.

Não somente à questão fiscal, mas a curva longa também tem grande sensibilidade aos eventos externos. Além da suspensão da aplicação de novas tarifas entre China e Estados Unidos, a Opep concordou em continuar a limitar a produção da commodity por mais nove meses, o que favorece o preço do petróleo e os ativos de países produtores e exportadores.

Nos contratos curtos, o mercado segue acompanhando a movimentação em Brasília para ajustar suas apostas sobre a abertura do ciclo de queda da Selic, que deve se dar assim que a reforma for aprovada na Câmara, na avaliação dos analistas. Parte do mercado acredita que o ciclo de afrouxamento já começa em julho e outra parte, em setembro. Outra dúvida é quanto ao orçamento dos cortes. Na Focus, a mediana das previsões para a Selic em 2019 caiu de 5,75% para 5,50% ao ano.