Os juros futuros fecharam mais de 20 pontos-base no período da tarde, conforme o mercado calibra as expectativas de que o governo federal anuncie um pacote de contenção de despesas nesta semana. O prazo foi citado pelo próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, depois de ter cancelado viagem à Europa para cuidar de “temas domésticos” a pedido do presidente Lula. No exterior, o alívio nos rendimentos dos Treasuries e do dólar, após pesquisas eleitorais apontarem aumento da chance de que a candidata democrata, Kamala Harris, seja eleita nos Estados Unidos também contribui para o movimento.

A taxa do DI para janeiro de 2026 caiu a 12,880% nesta segunda-feira, de 13,089% do ajuste de sexta-feira; a do DI para janeiro de 2027 recuou de 13,27% do ajuste anterior para 13,03%; e a do DI para janeiro de 2029 cedeu de 13,29% do ajuste para 13,04%.

Os ajustes no mercado de juros começaram desde a abertura do pregão, visto que o cancelamento da viagem de Haddad à Europa, divulgado no domingo, para cuidar de “temas domésticos” foi interpretado como um maior senso de urgência por parte do governo em relação ao aperto fiscal.

O economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi, considera que na semana passada o mercado teve a percepção de que havia um desarranjo no governo brasileiro, principalmente diante do “sinal bizarro” de Haddad viajando em um momento que “não fazia sentido”. Contudo, conforme Haddad cancelou a viagem a pedido do presidente Lula, essa percepção de desarranjo se reduziu um pouco e contribuiu para queda de juros no Brasil. “Não é nem que a questão de risco fiscal melhorou. Acho que investidores ainda estão ressabiados com a capacidade do governo de controlar gasto, mas nossos juros estão muito esticados”, pondera.

Haddad disse no fim da manhã que acredita que ainda nesta semana será possível anunciar as medidas de corte de gastos. “Essas medidas são muito importantes para que o governo consiga recuperar a confiança do mercado. Então só esse movimento de cancelamento de viagem, de novas falas de Haddad e sinais que o governo está se movimentando quanto a isso já ajudaram”, afirma o Head de alocação da W1 Capital, Victor Furtado.

Nesta tarde, Haddad foi ao Palácio do Planalto acompanhado do secretário-executivo, Dario Durigan, e do secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, para tratar do plano de corte de gastos.

O pano de fundo externo contribuiu para o fechamento das taxas. Segundo Borsoi, pesquisas recentes mostraram maior chance de Kamala Harris ganhar a eleição dos Estados Unidos, que será “bem disputada”, fazendo com que os Treasuries e o dólar tivessem alívio e, consequentemente, ajudassem os juros futuros no Brasil.