Os juros futuros caíram nesta terça-feira, com uma trégua na escalada dos Treasuries longos e no câmbio, além da perspectiva para votação do arcabouço fiscal na Câmara. Outro vetor de alívio nesta terça-feira veio do leilão do Tesouro, que trouxe lote menor nas Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B), evitando assim adicionar pressão à curva.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou em 12,420%, de 12,432% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 10,59% para 10,52%. O DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 10,35%, de 10,46% na segunda-feira. A taxa do DI para janeiro de 2029 terminou em 10,88% (de 10,97%).

A curva perdeu um pouco de inclinação espelhando a curva americana, na qual a taxa da T-note de 2 anos continuou avançando para além dos 5,00%, mas a de 10 anos e a do T-Bond de 30 anos cederam.

A trajetória dos Treasuries não teve nesta terça um vetor específico, com o mercado todo em compasso de espera pelo simpósio de Jackson Hole, mais precisamente pelo discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, na sexta-feira, que poderá dar mais pistas sobre a política monetária.

Assim, com os yields renovando máximas em mais dez anos nos últimos dias, houve espaço para pequena correção, que, porém, nem pode ser chamada de alívio, pois as taxas apenas pararam de piorar. O retorno da T-Note de dez anos segue acima de 4,30% e o do T-Bond de 30 anos, nos 4,40%.

Willam Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, destaca que a escalada dos títulos americanos tem pressionado custos de captação no mundo todo, respaldada em três fatores: a ideia de juros elevados nos EUA por um longo período, o aumento da emissão de títulos após a elevação do teto da dívida e a redução dos estoques de Treasuries pela China. “A taxa da T-Note de dez anos saiu de 3,5% em maio para 4,3% agora”, lembrou.

Na etapa vespertina, o exterior foi colocado de lado, com o mercado repercutindo a notícia de que a permissão incluída pelo Senado para que o governo pudesse prever despesas condicionadas no Orçamento de 2024 será retirada do texto do arcabouço na Câmara. O mecanismo será incluído no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO).

“A solução está dada, resolvida. Principalmente porque a cada ano o governo tem que mandar a LDO e tem que mandar o Orçamento. Então, essa não é uma matéria do regime fiscal. Portanto, isso está solucionado”, declarou o relator da matéria, Cláudio Cajado (PP-BA). Ele deve apresentar logo mais seu parecer sobre o projeto, que entrou na pauta de votações da sessão deliberativa.

“Com as despesas condicionadas excluídas do texto, o mercado deu uma animada, na medida em que a decisão reforça o caráter de disciplina fiscal que havia sido afrouxada pelo Senado”, comentou o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, lembrando que estas despesas são estimadas em R$ 32 bilhões.

Na gestão da dívida pública, o Tesouro reduziu o lote de NTN-B no leilão para 450 mil, menos da metade ofertada na semana passada (1,3 milhão). As 150 mil para 2026 e as 150 mil para 2033 foram absorvidas, mas a oferta de 150 mil no papel longo (2050) não teve demanda integral (103.550 mil) e a taxa de 5,5150% ficou acima do consenso de mercado.