Taxas curtas do mercado de juros têm alta firme em dia de correção após comunicado duro do Copom

Taxas curtas do mercado de juros têm alta firme em dia de correção após comunicado duro do Copom

SÃO PAULO (Reuters) – As taxas dos contratos futuros de juros de curto prazo avançaram de forma consistente nesta quinta-feira, em um movimento de correção técnica após o Banco Central fechar as portas para cortes de juros no futuro próximo e reforçar preocupações em torno do controle da inflação e do equilíbrio fiscal.

Na ponta longa, as taxas também subiram, mas em menor amplitude, com investidores reagindo não apenas à decisão sobre a Selic (a taxa básica de juros) na quarta-feira, mas também à alta do dólar ante o real e aos receios de que a relação entre o governo Lula e o BC piore.

No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para outubro de 2023 estava em 13,445%, ante 13,328% do ajuste anterior. Já a taxa para janeiro de 2024 estava em 13,185%, ante 13,023% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 12,13%, ante 12,052%. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 12,375%, ante 12,319% do ajuste anterior.

Na noite de quarta-feira, o BC anunciou a manutenção da Selic em 13,75% ao ano –o que era largamente esperado– mas publicou um comunicado duro em relação ao cenário para a inflação. Contrariando expectativas do governo e de parte do mercado, o BC não passou indicações de quando começará o corte de juros.

Como a curva a termo vinha precificando nas últimas semanas chances maiores de o BC antecipar o corte da Selic, o comunicado abriu espaço para correções nos contratos de DI (Depósito Interfinanceiro).

“O BC deixou a porta fechada para um corte de juros no curto prazo, mas a curva vinha aumentado as chances de isso acontecer nas próximas reuniões. Então, está havendo um ajuste, principalmente na parte curta da curva”, afirmou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

“As razões para o BC não esperar realizar corte no curto prazo é a inflação subjacente elevada e as expectativas de inflação aumentando, além da incerteza em relação ao novo arcabouço fiscal”, acrescentou.

Na ponta longa, a expectativa de que a Selic seja mantida em patamar elevado por período prolongado deu suporte às taxas, assim como as preocupações em torno da relação entre governo e BC e a alta firme do dólar ante o real na sessão desta quinta-feira.

Ainda na noite de quarta-feira, a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, criticou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, nas redes sociais. Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse a jornalistas ter considerado o comunicado do BC “muito preocupante” e que a autarquia poderá comprometer o resultado fiscal do país.

No fim da tarde desta quinta-feira, a curva a termo precificava 16% de chances de o BC reduzir a Selic em 0,25 ponto porcentual no encontro de maio e 84% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.

No exterior, o rendimento dos Treasuries recuavam.

Às 16:37 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 12,00 pontos-base, a 3,38%.

(Por Fabrício de Castro)

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