A volta gradual das entrevistas presenciais na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) tem contribuído para o aumento, mês a mês, das taxas de respostas e aproveitamento da coleta de informações, afirmou nesta quinta-feira, 30, Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa de resposta da Pnad Contínua mensal de julho foi de 63,0%, confirmando o processo de aumento gradual mês a mês. A taxa de resposta subiu de 55,8%, na pesquisa referente ao trimestre móvel até abril, para 57,9%, na de maio, e 59,0%, na leitura referente ao segundo trimestre.

O pior desempenho foi registrado na leitura referente ao trimestre encerrado em março deste ano, quando a taxa de resposta foi de apenas 52,5%. Antes da covid-19, a taxa de resposta da Pnad Contínua alcançava 89%.

“A gente vem observando um crescimento da taxa de aproveitamento das respostas. Algumas equipes estão fazendo entrevistas presencialmente, embora a gente use muito o recurso das entrevistas por telefone. Gradativamente, o retorno das entrevistas presenciais tem ocorrido e, de fato, contribuído para o crescimento da taxa de aproveitamento”, afirmou Adriana Beringuy.

O nível da taxa de resposta nas leituras mensais da Pnad Contínua foi diretamente afetado pelo isolamento social, adotado desde o início da pandemia de covid-19. A partir de março de 2020, o IBGE suspendeu totalmente as visitas domiciliares para coleta das informações. A Pnad foi a pesquisa mais atingida porque sua coleta de informações se dá basicamente via visitas presenciais.

Desde o início da pandemia, o IBGE vinha coletando as informações por telefone, mas a estratégia enfrentou vários obstáculos. Especialmente entre as famílias de menor poder aquisitivo, a troca de números de telefone é constante e, muitas vezes, os informantes oferecem resistência a passar os dados via remota.

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Em 12 de julho, o IBGE anunciou o retorno parcial de suas atividades presenciais. A coleta presencial, retomada na leitura da Pnad referente ao segundo trimestre, tem sido usada apenas nos casos em que não é possível obter os dados pelo telefone. As unidades estaduais têm autonomia para decidir sobre a forma de obtenção de dados, sempre condicionada à evolução local da pandemia de covid-19.

A coleta telefônica de dados sobre o mercado de trabalho acabou provocando alguns vieses nos resultados. Houve aumento da incidência de respostas de jovens, mulheres e idosos na amostra da Pnad Contínua.

O IBGE tem tratado os dados obtidos, ajustando os resultados para o tamanho da população de cada unidade da federação. Agora, o instituto está trabalhando para ajustar toda a série histórica também em relação à distribuição das pessoas por idade e sexo. Ou seja, essas variáveis serão usadas na construção dos pesos dos informantes para a obtenção do resultado total da pesquisa.

Reponderada

Segundo Adriana Beringuy, o IBGE trabalha para divulgar a série histórica da Pnad Contínua reponderada até o fim deste ano. A pesquisadora disse que “os estudos estão bastante avançados”. “Pretendemos, até o fim de 2021, lançar toda a série reponderada da Pnad Contínua, com a recalibragem”, afirmou Beringuy.

Conforme a pesquisadora, o IBGE ainda divulgará, com antecedência à data de divulgação das séries históricas reponderadas, “mais detalhes” com relação aos procedimentos que foram feitos para ajustar os dados.

Também diante da retomada da coleta presencial de informações da Pnad Contínua, o IBGE pretende reajustar o calendário de divulgação.

Segundo Adriana, a ideia é voltar ao padrão de antes da pandemia, quando a Pnad Contínua mensal era divulgada com um mês de defasagem após o término do trimestre móvel de referência. A meta é fazer isso ainda no primeiro trimestre de 2022, disse a pesquisadora.


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