O número de empresas afetadas pela pandemia vem diminuindo desde o início da crise sanitária no País. No entanto, a incidência de companhias prejudicadas permanece significativa, afirmou Flávio Magheli, coordenador de Pesquisas Conjunturais em Empresas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Cerca de quatro em cada 10 empresas brasileiras (ou exatos 37,5%) ainda se viam afetadas negativamente pela pandemia do novo coronavírus na segunda quinzena de julho, segundo os dados da Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas, que integram as Estatísticas Experimentais do IBGE. “O resultado é menos negativo em relação às quinzenas anteriores. Na segunda quinzena de junho, essa taxa de efeitos negativos era de 62,4%. Ainda é uma taxa significativa”, confirmou Magheli.

A pandemia ainda reduziu as vendas ou serviços prestados em 34,4% das três milhões de empresas em funcionamento na segunda quinzena de julho. Um terço de todas as empresas (33,1%) tiveram dificuldades de fabricar produtos ou atender clientes, e 45,3% das companhias enfrentaram problemas de acesso aos seus fornecedores. Com a receita prejudicada, 38,9% das empresas relataram dificuldades em realizar pagamentos de rotina.

“A gente percebe que, nas primeiras rodadas da pesquisa, entre os problemas causados era mais citada a demanda, que se expressava na queda nas vendas. A partir da queda nas vendas, as empresas passaram a ter dificuldade de pagamentos. Na edição atual, a principal dificuldade é problema de oferta, dificuldade de abastecimento na cadeia produtiva, de acessar fornecedores, insumos, matérias-primas”, apontou Alessandro Pinheiro, coordenador de Pesquisas Estruturais e Especiais em Empresas do IBGE.

Os principais prejudicados são os pequenos negócios, que têm mais dificuldade de acesso a capital de giro para reposição de estoques perdidos durante as medidas de isolamento social de combate à disseminação à covid-19.

“Quando as empresas são fechadas e têm que reabrir, muitas delas têm que recuperar estoques, recuperar capital físico para acessar. Talvez seja essa a percepção de dificuldades de acessar seus fornecedores. Eles podem estar fechados pelo isolamento, ou pode ser dificuldade de capital de giro para renovar estoques”, explicou Flavio Magheli. “Bares e restaurantes fechados por 15 dias perdem parte de suas mercadorias. Para repor isso, tem que ter capital de giro. Isso pode impactar na percepção das empresas de maior dificuldade de acessar seus fornecedores”, completou.

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Para Magheli, os resultados das pesquisas conjunturais e de indicadores antecedentes mostram que o pior momento do impacto da pandemia sobre a economia ficou para trás, mas as atividades ainda estão longe de recuperar o que foi perdido especialmente nos meses de março e abril. “A leitura ainda é de retomada gradual, especialmente para as pequenas empresas”, disse Magheli.

Na pesquisa pulso, a percepção dos pesquisadores do IBGE é que há uma transição de maior incidência de impactos negativos da pandemia sobre os negócios para uma influência maior de contribuições pequenas ou inexistentes da covid-19. “Mas ainda não dá para dizer que houve melhora acentuada, a partir dos dados da pesquisa”, ponderou Magheli. “O que a gente tem é um quadro de estabilidade dentro de um quadro de dificuldades. Ainda não há piora”, acrescentou Pinheiro.


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