A inteligência artificial (IA) está, definitivamente, na vida das pessoas e das empresas. E já é uma realidade bem presente até mesmo no mercado de tatuagens, onde vem funcionando como importante aliada para diversos artistas, como o tatuador Ganso Galvão, que destaca a otimização do tempo e a ampla variedade de ilustrações disponíveis como alguns dos principais pontos positivos da nova tecnologia. Ele explica que, em vez de passar horas trabalhando em um design, os profissionais dessa área podem usar um app de IA para gerar centenas de novas ideias em segundos.
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Através de novas startups de IA generativa é possível inserir um prompt no site e esperar a tecnologia fazer sua mágica. O recurso permite escolher, por exemplo, entre vários estilos de design e categorias, como animais, plantas, objetos, paisagens e tudo o que o cliente pensar.
“É um recurso que já está no mercado até há um tempo, uns dois ou três anos, e agora tanto eu quanto outros tatuadores começaram a usar a inteligência artificial como uma ferramenta que vem facilitando bastante. Em especial na questão de dispor de muitas referências de imagens que até a galera pedia muito, como por exemplo Poseidon, Zeus, Jesus Cristo, Guerreiros e outras. Mas apesar da facilidade, tem alguns problemas em questão, alguns tipos de trabalhos que não são tão fáceis de colocar na pele, o que trouxe também um grau de dificuldade um pouco maior para o tatuador”, explica Ganso Galvão.
O artista é conhecido por marcar a pele de famosos como o sertanejo Lucas Lucco, Evan Seinfeld (vocalista da banda americana Biohazard), PK Delas, Nego do Borel e TZ da Coronel, além dos jogadores Renato Augusto, Luan, Ricardo Graça. O tatuador conta que, apesar de já estar sendo adotada por muitos tatuadores, a IA vem sendo um tema constante de discussão entre os profissionais da área. E que mesmo com o auxílio dessa ferramenta, é possível, sim, usar a criatividade e desenvolver artes exclusivas e personalizadas para cada cliente.
“A gente não sabe como será o futuro disso, porque tem muita gente que trabalha com o desenho, fazendo ele todo. E agora você coloca algum nome, ou só palavras-chave, e já recebe tudo pronto. O recurso da inteligência artificial na tatuagem nos permite um leque bem maior de opções, porque são imagens feitas a partir dessas referências que a gente passa, e acaba geralmente ficando um trabalho personalizado”, acrescentou.
Para além da tatuagem, o uso da inteligência artificial vem crescendo e se popularizando em todos os campos profissionais. Uma pesquisa global realizada pelo Google em parceria com a Ipsos, por exemplo, revelou que o Brasil está acima da média mundial no uso de inteligência artificial (IA) generativa. Segundo o levantamento, 54% dos brasileiros declararam ter utilizado ferramentas desse tipo em 2024, enquanto a média global foi de 48%.
Além disso, 65% dos entrevistados no país afirmaram confiar no potencial da tecnologia, índice superior aos 57% registrados globalmente. A pesquisa, realizada com 21 mil pessoas em 21 países, incluindo mil brasileiros, apresenta uma margem de erro de 3,8 pontos percentuais.
Mas, mesmo em meio à tanta facilidade, é preciso também ter atenção.
“Eu não diria que a IA pode desvalorizar o trabalho do tatuador, pois se for uma imagem feita por inteligência artificial, muito perfeita, e a gente copiar certinho, com todas as técnicas, ela não atrapalha, e sim ajuda. Mas, a gente precisa ter o cuidado de revisar a imagem e conferir se está tudo direito, em especial quanto à posição de olhos, bocas, nariz, mãos… já cheguei a ver casos em que faltavam dedos nas mãos e o tatuador, desatento a isso, acabou fazendo. Isso prejudica, porque é muitas vezes um sonho para o cliente e ele acaba ficando com uma tatuagem talvez muito perfeita na técnica, mas faltando algum detalhe no desenho”, conclui Ganso Galvão.
O tatuador ganhou fama nacional e internacional também, levando o seu trabalho para cerca de 18 países diferentes. Portugal, Alemanha, China, Estados Unidos, Austrália, Suécia, Dinamarca, Holanda, França, Bélgica, Itália, Polônia, Nova Zelândia, Áustria, Suíça, Espanha, Colômbia e Taiwan, são algumas das pátrias que chegaram a conhecer os traços do artista, que tem como estilo principal o realismo preto e cinza.
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