Tarifas de Trump reduzem previsão de crescimento na Alemanha, dizem economistas

Tarifas de Trump reduzem previsão de crescimento na Alemanha, dizem economistas

"TarifasRelatório encomendado pelo governo alemão reduz previsão de crescimento para 0,1% em 2025 após dois anos de retração. Concorrência chinesa, custos de energia e redução da população economicamente ativa pioram o cenário.Os principais institutos de análise econômica da Alemanha avaliam que a economia do país deve ficar estagnada em 2025, em parte devido à nova política tarifária dos EUA.

Em um relatório conjunto publicado nesta quinta-feira (10/04), os economistas voltaram a reduzir a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) alemão, de 0,8% para 0,1%.

O texto alerta que as tarifas impostas e pelo presidente dos EUA, Donald Trump, em março sobre a importação de carros, alumínio e aço custarão à economia alemã pelo menos 0,1% de crescimento nos próximos dois anos.

As demais tarifas anunciadas na semana passada por Trump – agora suspensas por 90 dias, como a taxa extra de 20% sobre produtos da União Europeia, poderiam dobrar esse impacto no PIB, disseram os economistas. No entanto, eles acrescentam que "os efeitos específicos são difíceis de quantificar, já que as taxas tarifárias nunca foram aumentadas de forma tão acentuada na atual economia globalizada".

As tarifas americanas deixam a maior economia da Europa à beira de um terceiro ano consecutivo de recessão, após registrar uma queda de 0,2% no PIB em 2024. O país já enfrentava uma previsão de crescimento reduzida em dezembro do ano passado, antes da posse de Trump.

Em 2024, os EUA foram o principal parceiro comercial da Alemanha e são um importante mercado para exportações de produtos alemães, incluindo carros, máquinas e químicos.

"As tensões geopolíticas e a política comercial protecionista dos EUA estão exacerbando uma situação econômica já tensa na Alemanha", disse Torsten Schmidt, do Instituto Leibniz de Pesquisa Econômica (RWI).

O relatório é elaborado em conjunto pelo RWI, pelo Instituto Kiel para a Economia Mundial, pelo Instituto ifo, sediado em Munique, pelo Instituto Halle de Pesquisa Econômica e pelo Instituto Alemão de Pesquisa Econômica. O texto é encomendado pelo Ministério da Economia alemão duas vezes por ano e influencia as previsões econômicas do próprio governo alemão.

Alemanha vive problemas estruturais

O país também sofre com questões estruturais, como as altas contribuições para a seguridade social, a diminuição da população economicamente ativa, o desemprego e o excesso de burocracia, diz o relatório.

As exportações alemãs também enfrentam a crescente concorrência da China, enquanto o setor industrial do país ainda está lutando com as consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia e o subsequente salto nos preços da energia.

Novo governo promete guinada econômica

O novo governo alemão – formado pelos democratas-cristãos de Friedrich Merz, pela União Social Cristã (CSU) e pelo Partido Social Democrata – prometeu uma guinada na economia.

Em março, o parlamento alemão já aprovou um pacote histórico para afrouxar as regras constitucionais sobre empréstimos do governo para a defesa e para aumentar os gastos com infraestrutura e medidas de proteção climática.

Segundo os economistas, a flexibilização do teto da dívida pública deve ajudar a impulsionar o PIB em 0,5% em 2026, com um crescimento total esperado para o ano de 1,3% – dependendo do impacto prolongado das tarifas de Trump.

Contudo, o texto também indica que os problemas estruturais do país não podem ser resolvidos com o aumento de gastos, mas com uma reforma econômica mais ampla.

gq (dpa, ap)