O governador Tarcísio de Freitas negou neste domingo, 9, estar com a relação estremecida com Jair Bolsonaro por causa de seu apoio à reforma tributária, aprovada na semana passada na Câmara. Tarcísio se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para acertar pontos que poderiam facilitar a aprovação do texto. Isso contrariou Bolsonaro, que recomendou ao PL votar contra.

“Sempre serei leal e terei gratidão a ele. Se estou aqui, devo a ele”, disse Tarcísio em cerimônia de comemoração à Revolução Constitucionalista de 1932. Ele falou que quando era ministro não tinha problemas em discordar do então presidente e apresentar seu ponto de vista. “Nós podemos divergir em algum ponto sobre a reforma, não é possível que vamos sempre concordar em tudo.”

Neste domingo, Tarcísio falou que o texto aprovado foi o “texto possível” e que o próximo passo é acompanhar as mudanças que devem ser propostas no Senado. “É normal que haja aprimoramentos no Senado. Foi um processo complexo e denso, o da reforma tributária.”

Discutida há anos como necessária para descomplicar o sistema de impostos brasileiro, a reforma tributária entrou na mira do bolsonarismo para aquecer os embates entre o governo e a oposição. Bolsonaro chamou a medida de “soco no estômago dos mais pobres” nas redes sociais e antecipou que aconselharia os deputados de seu partido a votar contra.

Ele chegou a dizer que estava ‘chateado’ com a postura de seu ex-ministro em favor da aprovação da medida. Em reunião do PL, enquanto Tarcísio explicava seus argumentos em prol da reforma, foi interrompido mais de uma vez pelo ex-presidente que falou: “Pessoal, se o PL estiver unido, não apoia nada”. A emenda à Constituição teve o apoio de 20 deputados do PL.

A postura dos deputados bolsonaristas na Câmara dos Deputados mudou com relação ao governador. Antes visto como herdeiro político de Bolsonaro, agora os seguidores do ex-presidente questionam sua lealdade.

Revolução de 1932

Durante cerimônia neste domingo, o governador classificou a Revolução de 1932 como “divisor de águas” na história do Estado. “A partir de 32, São Paulo teve uma postura proativa, de protagonismo e independência. Buscou a academia no exterior e explica por que a Universidade de São Paulo é o que é hoje.”

“É importante celebrar o feito desses heróis do passado que lutaram pela ordem constitucional e pelo estado democrático de direito”, falou. “É dever de justiça celebrar o esforço dos heróis do passado para que a gente possa ter um futuro.”