O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL) pediram que os novos policiais militares do estado liderem as tropas com base na legalidade, garantam o cumprimento dos procedimentos operacionais ensinados e impeçam desvios de conduta de seus subordinados.

As declarações foram dadas na formatura de 199 alunos-oficiais da PM, nesta sexta-feira, 13, na Academia de Polícia Militar do Barro Branco. Nas últimas semanas, a dupla se viu diante de uma crise na segurança após uma sequência de abusos policiais serem registrados em menos de um mês no estado — as ações culminaram nas mortes de um jovem negro que tentou furtar um supermercado, de uma criança de 4 anos e de um estudante de medicina, além do arremesso de um rapaz de uma ponte de três metros de altura.

+O saldo político dos casos de violência da PM para Derrite

+‘É liberdade excessiva, não resposta à criminalidade’, diz analista criminal sobre casos de violência em SP

O chefe do Executivo bancou a permanência do secretário, mas admitiu que o discurso propagado por ele e por Derrite influencia em como a tropa se comporta nas ruas e prometeu corrigir a rota — não apenas nas declarações, mas com a implementação de um pacote de medidas para a segurança pública paulista.

Ex-capitão da Rota (Rotas Ostensivas Tobias Aguiar), Derrite disse aos oficiais que o momento é delicado e que “infelizmente” uma pequena parcela da sociedade e das instituições “se incomoda com o êxito do bem contra o mal” e se esforça para “atrapalhar o combate ao crime”.

“Faço questão de deixar uma mensagem clara. Os senhores estão sendo formados para liderar a nossa tropa operacional. Essa liderança deve ser pautada, acima de tudo, pela legalidade. Os integrantes das forças policiais são os únicos e verdadeiros promotores de direitos humanos e cabe a nós, em posição de liderança, impedir que desvios de conduta venham macular o bom trabalho e a imagem da nossa quase bicentenária Polícia Militar“, afirmou.

Já o governador disse: “Há procedimento para tudo e a gente não pode se afastar dos procedimentos. A responsabilidade é grande porque vocês têm que estar próximos dos subordinados a cada preleção, a cada briefing, a cada missão, a cada análise pós-ação. Explicar, ensinar e mostrar o caminho: o tratamento urbano com a sociedade; o tratamento duro e vigoroso com o crime”.

Tarcísio não anunciou novas ações para conter as condutas excessivas dos PMs, mas tem defendido que a Secretaria de Segurança Pública se dedique mais à formulação de políticas públicas, preveja ações específicas para melhorar cada indicador e cobrado uma atuação mais efetiva da Corregedoria da Polícia Militar.