Tarcísio e aval do Republicanos deixaram Hugo Motta de mãos atadas sobre Anistia

Presidente da Câmara deve pautar urgência na semana seguinte ao julgamento no STF e votar projeto em seguida; proposta deve ser barrada no Senado

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Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

Após meses de resistência, mesmo pressionado, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), já admite nos bastidores que deve colocar o PL da Anistia em votação no plenário após o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Motta não resistiu ao “efeito Tarcísio” e o apoio do presidente de seu partido ao projeto.

Na terça-feira, 2, no dia de julgamento de Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi à Brasília e passou a articular minuciosamente o apoio ao projeto de anistia. Tarcísio sentou-se com líderes da Câmara para pressionar a adesão ao texto, com a colaboração de presidentes de partidos como União Brasil, Progressistas e PSD.

Antônio Rueda e Ciro Nogueira já declararam apoio público à anistia, enquanto Gilberto Kassab oferece um apoio, mas velado, sem defesas públicas e contundentes ao texto. Tarcísio ainda conseguiu convencer Marcos Pereira, presidente do Republicanos, em um encontro no começo da semana.

A força da articulação de Tarcísio já era vista como o impulsionamento para o projeto, mas o apoio de Pereira obrigou Hugo Motta a ceder e admitir pela primeira vez que pautará o projeto. Motta avisou, no entanto, que o projeto só deverá ser pautado após o resultado do julgamento contra o ex-presidente, marcado para sair dia 12 de setembro.

O PL da Anistia é a principal pauta da ala bolsonarista para livrar Jair Bolsonaro da condenação. O ex-presidente é réu no inquérito que investiga o plano de golpe de Estado e apontado como líder da organização que articulou medidas inconstitucionais após a derrota nas eleições de 2022.

O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), calcula ter cerca de 300 votos para a aprovação do projeto. Mesmo com o apoio maciço dos deputados, o texto poderá emperrar no Senado, onde já há uma articulação para se votar uma proposta paralela e que retira Bolsonaro da lista de beneficiados.