O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse ao STF (Supremo Tribunal Federal) que Jair Bolsonaro (PL) “jamais mencionou” a possibilidade de dar um golpe de Estado nos encontros que eles tiveram após as eleições de 2022, quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito presidente, assim como no seu período como ministro da Infraestrutura do ex-presidente, até abril daquele ano.
“Tivemos várias conversas [após a derrota de Bolsonaro nas urnas], jamais se tocou nesse assunto. Jamais mencionou ruptura“, afirmou Tarcísio nesta sexta-feira, 30, em um depoimento que durou cerca de oito minutos.
O governador falou à corte na condição de testemunha do ex-presidente, acusado de cinco crimes relativos a uma suposta tentativa de ruptura institucional para impedir a posse de Lula e se manter no poder. Além de Bolsonaro, outras 30 pessoas estão sentadas no banco dos réus pela trama.
Nogueira também testemunhou pela defesa de Bolsonaro
Nesta sexta, o STF também ouviu o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que foi ministro da Casa Civil no governo passado. Ao ministro Alexandre de Moraes, que é relator do processo e conduz as oitivas, Nogueira disse que o ex-presidente ficou “depressivo” depois de perder a reeleição, mas “em hipótese nenhuma” mencionou articulações golpistas.
Mais cedo, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, foi dispensado de depor na ação penal, em que testemunharia em defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Conforme os advogados, o depoimento do dirigente já havia sido contemplado por outras testemunhas.
Oitivas trouxeram novos fatos
O STF realiza, como segunda fase do processo penal, as oitivas das testemunhas de defesa dos réus pela trama golpista até o dia 2 de junho. Alguns dos personagens já ouvidos nessa condição foram o general Marco Antônio Freire Gomes e o brigadeiro Baptista Júnior, respectivamente, comandantes do Exército e da Aeronáutica nos episódios investigados.
Baptista Júnior confirmou a versão de que o almirante Almir Garnier, ex-chefe da Marinha, colocou as tropas à disposição de Bolsonaro para a trama golpista, enquanto Freire Gomes alterou a versão dada à Polícia Federal e disse que não poderia interpretar as falas do ex-colega de comando.
O ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo, testemunha de defesa de Garnier, chegou a ser ameaçado de prisão por Moraes em razão da interpretação dada sobre a postura do almirante.
Na terça-feira, 27, Djairlon Henrique Moura, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, disse à corte ter recebido ordens do Ministério da Justiça para realizar blitzes em ônibus que trafegavam com destino ao Nordeste às vésperas das eleições de 2022, mas negou objetivos políticos nas ações policiais.
A cronologia da trama golpista