O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta quinta-feira, 21, que está “preocupado” com pessoas sendo investigadas e objeto de ações judiciais “simplesmente por fazerem críticas”, e disse que sempre estará “do lado” de Bolsonaro.
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A declaração foi feita após evento no interior paulista após questionamento sobre as mensagens obtidas pela Polícia Federal no celular do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL).
“Me preocupa um pouco o rumo que as coisas estão tomando. Me preocupa um pouco o fato de você ver pessoas sendo investigadas e objeto de ações judiciais simplesmente por fazerem críticas”, disse Tarcísio sobre a investigação contra o capitão reformado. “Às vezes, vejo que isso não faz sentido.”
Tarcísio afirmou que não iria comentar “uma conversa privada entre pai e filho”, por se tratar de uma questão que dizia respeito apenas aos dois, acrescentando que não entendia por que essas conversas haviam sido divulgadas, já que “não vê interesse público nelas”.
Em seguida, disse que sua relação com Bolsonaro continuará sendo a mesma de sempre: de lealdade, amizade e gratidão, por considerá-lo “alguém que fez muito pelo Brasil” e também por ele próprio.
“Me abriu a porta, sempre foi muito amigo, e eu vou ser amigo, vou estar sempre do lado, vou estar sempre trabalhando para ajudar na medida do possível”, continuou o governador.
As mensagens constam do relatório final em que a PF indicia Bolsonaro e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação para impedir o julgamento da ação do golpe. Tarcísio é cotado para ser indicado como sucessor do ex-presidente na eleição de 2026, mas seu filho “03” também quer a bênção do pai para se candidatar.
O indiciamento dos Bolsonaro
O ex-presidente e seu filho foram indiciados em um inquérito que apura a atuação de ambos para obstruir a Justiça na investigação de uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, pela qual Jair é réu no STF e pode ser condenado a até 43 anos de prisão. Ambos foram indiciados por coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
O inquérito investiga a ida de Eduardo para os Estados Unidos, em março de 2025, com o objetivo declarado de articular reações da Casa Branca à atuação do ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos contra o pai na corte.
Desde que o deputado licenciado está em solo americano, o presidente Donald Trump impôs tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros enviados ao país, revogou vistos de Moraes e aliados e enquadrou o magistrado na Lei Magnitsky. O ex-presidente entrou no processo após financiar a ida do filho para o exterior.