RETRATO Rafael, pintado por Agnolo Doni entre 1505 e 1506: o favorito dos papas (Crédito:Divulgação)

Os festejos dos 500 anos da morte do artista italiano Raffaello Sanzio (1483-1520), conhecido como Rafael nos países de língua portuguesa, foram inaugurados na semana passada por iniciativa do papa Francisco. Em sua missão de popularizar a grande arte, ele determinou que um conjunto de 12 tapeçarias feitas em Bruxelas e desenhadas pelo mestre de Urbino fossem exibidas durante uma semana nas paredes inferiores da Capela Sistina.

A decisão de tampar as pinturas laterais de Michelangelo soou quase como uma heresia para os que visitam a capela em busca dos afrescos de Michelangelo. Não que as peças possam concorrer com o afresco do “Juízo Final” na abóbada da capela, mas elas iluminam um passado desconhecidos. Antes de ser dominadas pelas alegorias de Michelangelo, os construtores da Sistina pensaram nas tapeçarias de Rafael para decorar as paredes, em contraponto com o afresco do teto. Segundo Barbara Jatta, diretora dos Museus do Vaticano, onde estão conservadas e foram recentemente restauradas, foi um modo de revelar detalhes sobre a concepção da capela. “As tapeçarias foram criadas para o espaço”, disse. “Por isso, pensamos que era a melhor maneira de lembrar.”

Rafael morreu aos 36 anos em 6 de abril de 1520 em Roma, quando trabalhava para o papa Júlio III. Ele era apreciado pelos papas como “príncipe dos pintores”. Júlio III encarregou-o de pintar os afrescos das salas do Vaticano, hoje chamadas de “Stanze di Raffaello” (Aposentos de Rafael) e pertencentes ao complexo dos Museus do Vaticano.

MORTE MISTERIOSA

As tapeçaria, elaboradas com seda, fios de outro prata e lã, foram confeccionadas a partir dos desenhos de Rafael pelo ateliê de Pieter van Aelst, de Bruxelas. Sete delas foram encomendadas por Leão X e expostas nas paredes da Sistina em 26 de dezembro de 1519, dia de Santo Estevão. Rafael esteve na inauguração, mas morreria quatro meses depois, de uma febre misteriosa. Elas ficaram expostas na Sistina até final dos anos 1500, segundo a curadora da exposição, Alessandra Rodolfo. Elas voltaram a ser exibidas, mas nunca no conjunto total, como agora, depois de um longo trabalho dos restauradores dos Museus do Vaticano.
Michelangelo concluiu o teto em 1512 e o Juízo Final, diante do altar-mor, em 1536. Ou seja, 20 anos após a morte de Rafael. Segundo Barbara Jatta, a Sistina tem uma importância universal, tanto para a arte como para a fé cristã. “Desejamos partilhar toda essa beleza com os visitantes, ainda que somente por uma semana.”

A mostra estava prevista para terminar no domingo 23. Depois, algumas obras serão exibidas em outros locais, como o palácio do Quirinal e National Gallery de Londres, como parte de uma série de eventos do “Ano Rafael”, que acontecem em Roma, Urbano, Milão, Berlim, Londres e Washington.

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