O chefe do departamento econômico do Banco Central, Tulio Maciel, avaliou nesta terça-feira, 20, que a revisão na estimativa para o déficit em transações correntes de 2016 se deveu a mudanças nas projeções para a balança comercial, cujo superávit esperado para este ano ficou menor. “Tanto as exportações como as importações foram revistas. Essa é a principal mudança para 2016”, completou.

A previsão de déficit de transações correntes para este ano foi de US$ 18,00 bilhões em agosto para US$ 22 bilhões na divulgação desta terça. No caso da balança comercial, ela passou de US$ 49 bilhões para US$ 44,5 bilhões.

O resultado da balança comercial em 2016, pelas projeções do BC, será formado por exportações de US$ 184 bilhões, ante os US$ 190 bilhões da última previsão, e importações de US$ 139,5 bilhões, ante os US$ 141 bilhões de importação da projeção anterior. A primeira estimativa para 2016 era de exportações de US$ 190 bilhões e importações de US$ 160 bilhões.

Maciel citou ainda ajuste na projeção para conta de viagens, com despesas mais elevadas, devido à aceleração vista nos gastos no exterior no segundo semestre deste ano. Essa projeção para 2016 passou de US$ 7,5 bilhões para US$ 8,5 bilhões. Em dezembro de 2015, o valor previsto para este ano era de US$ 9 bilhões.

“A conta de viagens internacionais também sofreu muito com a crise. Se comparamos 2016 com 2014, há um recuo para menos da metade nessas despesas”, destacou. “Agora, em um patamar reduzido, essa conta esboça reação”, completou.

2017

O chefe do departamento econômico do Banco Central avaliou que a projeção de déficit de transações correntes de US$ 28 bilhões em 2017 incorpora praticamente o mesmo superávit comercial de 2016, mas com uma hipótese de aumento nas exportações e nas importações.

Segundo Maciel, isso é condizente com a mudança na dinâmica da atividade econômica, saindo de uma retração da economia para uma estimativa de crescimento moderado em 2017. A projeção para o saldo comercial em 2017 é de US$ 44 bilhões, com exportações de US$ 195 bilhões e importações de US$ 151 bilhões, de acordo com o BC.

O chefe do departamento do BC destacou o crescimento na conta de viagens para 2017, para US$ 10,5 bilhões, mas ainda em patamares inferiores ao registrados em anos anteriores a 2016. “Há bastante espaço para ser recuperado nessa rubrica”, acrescentou.

Maciel destacou ainda a projeção para ingresso de US$ 75 bilhões em Investimentos Diretos no País (IDP) em 2017, superior aos US$ 70 bilhões estimados para 2016. Segundo ele, a taxa de rolagem estimada para 2017 é de 80%.

“As contas externas eram foco de preocupação maior em 2015. O ajuste em 2016 foi rápido, ajudado pelo câmbio flutuante e pelo nível de atividade. E as projeções para 2017 estão condizentes com mudança de dinâmica na economia”, avaliou. “E, assim como neste ano, o déficit em transações correntes de 2017 será financiado pela entrada de IDP, que o supera em quase 2,5 vezes. O quadro segue confortável”, completou.

Para Maciel, o IDP é melhor forma de financiar déficit, porque se incorpora ao processo produtivo. “Os investimentos diretos no País têm mostrado resiliência em relação à conjuntura, porque são investimentos de horizonte mais longo”, concluiu.