Representante da entidade que representa a indústria têxtil num debate sobre o futuro do Mercosul, Renato Smirne Jardim, superintendente de Políticas Industriais e Econômicas da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), defendeu nesta quarta-feira, 14, que o bloco reavalie se deve ser mesmo uma união aduaneira.

“Parece ser absurdo o que vou falar, mas talvez seja o momento de uma reflexão se o Mercosul deve ser uma união aduaneira, levando-se em conta as mudanças que acontecem no Brasil e na Argentina, assim como no mundo”, disse Jardim, dando como exemplo, entre as transformações de blocos internacionais, a saída do Reino Unido da União Europeia.

Após citar a Aliança do Pacífico e o Tratado Transpacífico, o superintendente da Abit assinalou que as grandes alianças em formação no mundo não são meras uniões aduaneiras, que não levam a um processo de integração tão amplo quanto uma área de livre comércio.

Durante sua participação no debate, Jardim lamentou a falta de coordenação dos sócios do Mercosul em matérias de defesa comercial, lembrando que a indústria têxtil brasileira é alvo de uma ação antidumping na Argentina, e cobrou uma reformulação administrativa na secretaria do bloco, que, segundo ele, deveria contar com uma estrutura mais robusta de profissionais dedicados exclusivamente aos assuntos da organização, com regras de funcionamento de grupos e comitês pré-definidas. Segundo ele, o Mercosul não pode depender do envio de representantes de cada país a todas reuniões, como encontros de discussões de assuntos técnicos.

“Acreditamos que não dá para continuar do jeito que está. Essa falta de confiança e a forma como as coisas estão sendo conduzidas não são positivas ao Brasil e ao setor têxtil”, destacou Jardim, após também criticar travas geradas pela demora, de até oito anos, na tramitação de processos como alterações tarifárias e da nomenclatura comum dos produtos negociados no bloco.

De acordo com o executivo, nos últimos dez anos, a participação do Brasil no total de produtos têxteis confeccionados importados na Argentina caiu de 40% para 15 %, enquanto a fatia da China subiu de 5% para 35%.

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