Os talibãs inauguraram um museu no norte do Afeganistão para expor seus feitos ao público, entre exemplares do Alcorão do século XVII, bronzes, peças de cerâmicas e moedas antigas.

A galeria fica na imponente mesquita Rawze-i-Sharif, também conhecida como mesquita Azul, de Mazar-i-Sharif, capital da província de Balkh, cujo patrimônio cultural é inestimável. Muitas relíquias foram destruídas, roubadas ou exportadas ao longo de quatro décadas de conflitos na região.

É proibido fazer fotos ou vídeos devido a uma “ordem das autoridades”, que mandaram expor os objetos sobre a guerra exclusivamente neste museu, segundo o diretor, Abdul Qayum Ansari.

“O mundo inteiro deveria ver isto, nosso povo deveria ver isto”, defendeu Ansari. “Porém nossos líderes não pensam assim e não posso dizer nada”. Além disso, as mulheres afegãs também não podem visitá-lo, pois seu acesso à mesquita Azul é proibido.

No meio da sala, uma velha moto Honda vermelha está em destaque, dentro de uma vitrine com um lança-foguetes oxidado.

A moto “era um dos meios de transporte dos mujahidin durante a guerra” travada por combatentes talibãs contra o Exército americano por 20 anos, até que as tropas de Washington se retiraram do país em 2021, explicou Ansari à AFP.

Já o lança-foguetes “era utilizado contra máquinas de guerra, como os tanques”, afirmou.

Em outra vitrine, um grande barril amarelo é exposto com explosivos, bombas caseiras, detonadores e até pilhas.

Se há poucos objetos da guerra expostos é porque “falta de espaço”, segundo o diretor.

“Ao contrário das antiguidades, estes objetos não têm nenhuma história antiga, mas desempenharam um grande papel na vitória do Emirado islâmico e são extraordinários para a cidade”, sustenta.

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