Moradora de Vancouver, no Canadá, Friba Rezayee revelou que tem mantido contato com companheiras afegãs as quais relatam estar sendo perseguidas pelo Talebã. A ex-judoca, primeira mulher a representar o Afeganistão em uma Olimpíada, disse ainda que está fazendo de tudo para poder retirar meninas e mulheres do projeto que lidera à distância.

Friba afirma que todas as participantes da ONG Women Leaders of Tomorrow, Mulheres líderes do amanhã, na tradução para o português, estão escondidas com medo de serem pegas pelo grupo fundamentalista, que recentemente tomou o comando do país.

No Canadá há 10 anos, a ex-atleta comandava o projeto que visa por meio do esporte empoderar meninas e mulheres. Além de tentar tirar as companheiras do Afeganistão, Friba procura permitir que elas tenham internet para se comunicar e pedir ajuda.

“Centenas de mulheres me contataram pedindo para salvar suas vidas. A situação é terrível. Todos estão sob ameaça, se escondendo do Talibã. Recentemente o Talibã esteve em nosso dojô especificamente buscando pelas meninas. É uma história real. Elas estão escondidas, não podemos compartilhar seus nomes, nem localização”, lamentou.

“O Talibã recentemente baniu todas as mulheres de participar de quaisquer esportes. Elas só não morreram, mas o Talibã as está caçando. É uma situação devastadora. Todo mundo vive apenas esperando que o Talibã bata na porta para ser capturada. Estou tentando sem parar ter apoio para evacuá-las do Afeganistão, em contato com os governos dos EUA, do Canadá, e aberta a qualquer país que possa nos ajudar”, completou a ex-atleta.

Apesar de ter disputado a Olimpíada de Atenas, em 2004, como judoca, Friba começou como corredora. A participação dela e de mais quatro representantes do Afeganistão só foi permitido após punição do Comitê Olímpico Internacional, justamente por conta das retaliações dos Talibãs no país.

Após a realização dos Jogos, Friba foi para o Paquistão e logo depois para o Canadá, onde reside até hoje. Aos 34 anos, a ex-judoca se formou em Ciência Políticas e fundou o projeto Women Leaders of Tomorrow para, assim como ela, transformar vidas das mulheres afegãs em meio as restrições impostas pelo regime do grupo fundamentalista.