Os candidatos não chegam mais até o palco, tentando esconder seu nervosismo – sua imagem agora é projetada em um telão. Também não haverá, por ora, plateia para acompanhar a competição. Efeitos da pandemia do novo coronavírus, que pede distanciamento social além de se evitar aglomerações. “Ao menos, tornou mais fácil a participação de candidatos de qualquer parte do Brasil e até do exterior”, comenta Marcos Tombino, diretor de Talentos, programa semanal que a TV Cultura estreia no dia 8 de agosto, às 20h15.

Trata-se de um novo reality que chega no rastro de Cultura – O Musical, bem-sucedido programa exibido no ano passado pela emissora e criado com o mesmo espírito: revelar talentos ou apresentar aqueles que ainda esperavam por uma oportunidade em um gênero, o teatro musical, cuja eficiência artística (saber interpretar, dançar e cantar) é tão ou mais importante que o dom natural.

A final lotou a Sala São Paulo e coroou os talentos de Aline Serra e Vitor Moresco. Quando se planejava uma segunda temporada, a pandemia alterou os planos. “O desafio agora se transformou em uma audição virtual, em que os candidatos precisam convencer o júri por meio de um vídeo”, comenta o ator Jarbas Homem de Melo, cujo sucesso como apresentador do programa anterior o alçou naturalmente para o comando de Talentos. “Agora, presto mais atenção no olhar dos concorrentes, na esperança de encontrar uma identidade vocal.”

Jarbas comanda um grupo de jurados formado por especialistas da área: os atores Sara Sarres e Diego Montez e os maestros Miguel Briamonte e Natan Bádue, também diretor musical do programa. Juntos, eles se reuniram na semana passada, nos estúdios da TV Cultura, para escolher 24 candidatos entre os 98 que foram selecionados entre mais de mil escritos – cada um gravou um vídeo em que interpretava uma canção, de preferência de algum musical. “Não permitimos o uso de microfones ou qualquer outro recurso, para que ninguém tivesse vantagem tecnológica”, conta Tombino.

O Estadão acompanhou algumas horas em que o júri avaliou diversos números – embora não usassem máscara durante a gravação, todos permaneceram à distância mínima recomendada. E atentos ao telão – os candidatos eram de faixa etária distinta (entre 16 e 45 anos) e todos amadores ou atores iniciantes e veteranos. “Preferimos não ter mais jovens desta vez para que a disparidade não fosse tão grande”, explica Jarbas.

De fato, a competição revelou-se acirrada, com os candidatos revelando cuidadosa preparação, especialmente vocal. A decisão, assim, acontecia pela análise dos detalhes. “Como Miguel e Natan são maestros, eles avaliaram a afinação, a correta colocação das notas. Já Sara e Diego, que são atores, ficaram atentos ao gestual, à forma com que o corpo era usado na apresentação”, comenta Jarbas, que buscava mesclar todas essas qualidades em sua avaliação.

Houve lamentações – “canta bem, mas escolheu a canção errada”, percebeu Montez em uma candidata; “Mexe a cabeça a cada mudança na entonação”, comentou Briamonte, sobre outra. Mas também boas surpresas – “Essa foi uma interpretação emocionante”, elogiou Sara, contando com o apoio de Bádue.

Os 24 que continuam no páreo serão revelados nesta segunda, 20. Talentos contará com 13 programas até a final, prevista para 31 de outubro. Até lá, há a expectativa de a pandemia ter diminuído sua força a ponto de permitir a presença mínima de plateia. Por conta disso, o cenário está preparado – a pequena orquestra não contará com instrumentos de sopro, apenas cordas e percussão. E, como atração extra, Jarbas vai apresentar, a cada programa, números clássicos de musicais, começando com Cantando na Chuva.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.