O advogado Rodrigo Tacla Duran afirmou em depoimento prestado nesta última terça-feira (9) que advogados próximos a procuradores de Curitiba que integravam a extinta força-tarefa da Lava Jato cobravam uma “taxa de proteção” de eventuais alvos da operação para que eles não fossem denunciados.

A denúncia foi feita à Justiça Federal de Curitiba e de acordo Duran, que foi alvo da Lava Jato, um executivo chinês relatou a ele ter entregado US$ 750 mil aos advogados Antonio Figueiredo Basto e Carlos Zucolotto, à época sócio do escritório de Rosângela Moro. O doleiro disse que o dinheiro teria sido levantado por meio de uma offshore, transferido por meio de um banco suíço e, em seguida, distribuído em espécie.

+ Desembargador do caso Tacla Duran renuncia a processos da Lava Jato

+ Renan pede ao CNJ investigação sobre desembargador do caso Tacla Duran

Ele afirmou também que a tal “taxa de proteção” tinha como destinatário final o ex-procurador Carlos Fernando dos Santos Lima. Os ex-integrantes da operação sempre rechaçaram as acusações de Tacla Duran, a quem tratam como criminoso foragido da Justiça brasileira. Ele é advogado, mas para os investigadores atuava como doleiro, distribuindo propina.

Tacla Duran afirmou ainda em juízo que, para tirar mais de 70 delações do papel, a Odebrecht teria fabricado provas, inclusive manipulando sistemas internos que tratavam de contas que abasteceriam políticos. Segundo ele, o acesso a esses dados era ultrarrestrito, e que, de repente, todos os delatores tinham um pedaço dos dados em mãos.

O advogado alega ser possível provar que o sistema foi manipulado para incriminar alvos e atender as exigências da força-tarefa. Eduardo Appio, o novo juiz da Lava Jato, disse, durante a audiência, que Duran deve ser ouvido novamente.