Depois de mais de seis meses da pandemia, já se sabe que o uso de máscaras, boa higiene e distanciamento social são as formas mais eficazes de prevenção contra a covid-19. Mas qual é a melhor maneira de fazer esse distanciamento? Em qual cenário a taxa de contaminação é maior ou menor? Com base em casos assintomáticos, pesquisadores da Universidade de Oxford e do MIT desenvolveram uma tabela que mede o risco de contágio ao considerar fatores como circulação de ar, tamanho da aglomeração e tempo de exposição ao vírus.

É necessário ficar sempre a 2 metros de distância das outras pessoas fora de casa? É possível encontrar amigos com segurança? Qual seria o local mais apropriado? São perguntas como essas que o estudo pretende ajudar a responder, apesar de ainda não determinar um tempo seguro de permanência em um local ou o número máximo de pessoas que podem estar juntas – conversando, cantando ou até gritando – sem comprometer a saúde. Segundo o artigo, publicado no periódico de saúde The BMJ, as regras atuais de distanciamento social – como os 2 metros entre duas pessoas – são simplificadas e datam de estudos feitos no século 19. De acordo com os pesquisadores, a delimitação dessa distância não leva em consideração outros fatores importantes. “Isso ignora a dinâmica da respiração, que emite gotículas úmidas e forma uma espécie de nuvem que as carrega por metros em poucos segundos. Após a desaceleração dessas nuvens, ventilação, padrões de fluxo de ar e o tipo de atividade realizada ganham importância”, diz o estudo. A carga viral do emissor, a duração da exposição ao vírus e a suscetibilidade do indivíduo à infecção também devem ser consideradas.

Os pesquisadores esperam que, ao estabelecerem graus de contágio de acordo com situações diferentes, as recomendações de distanciamento social possam promover maior proteção em cenários de alto risco e maior liberdade quando as características apontarem que o local é mais seguro.

Variáveis

As tabelas apresentadas no estudo têm como variáveis o local (fechado ou aberto), o nível de ocupação (alto ou baixo), atividade, tempo de contato e o uso ou não de máscaras. As estimativas se referem aos casos em que todos os indivíduos presentes estão assintomáticos. O estudo considera que as partículas de ar são emitidas pelos seres humanos em velocidades que variam de acordo com a atividade realizada – como falar, gritar ou cantar. A tosse e o espirro podem levar essas partículas a até 7 ou 8 metros de distância.

O ambiente também influencia na disseminação do vírus. As partículas de ar são dissolvidas mais rapidamente em locais abertos e bem ventilados. O estudo também faz referência ao surto de coronavírus registrado em um coral nos Estados Unidos, quando 32 cantores foram infectados apesar de manterem o distanciamento social durante os ensaios. Os níveis de risco das tabelas não levam em consideração a suscetibilidade à infecção. E reforça que o distanciamento social não é a única forma de prevenção e deve ser combinado com higiene, limpeza e equipamentos de proteção.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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