Mônica ScaramuzzoAs duas maiores produtoras de celulose do País voltaram a conversar sobre uma possível fusão para criar uma gigante mundial do setor. A Suzano Papel e Celulose, segunda no ranking, procurou a líder Fibria para discutir a possibilidade de combinar ativos ou até mesmo propor uma aquisição, apurou o ‘Estado’ com três pessoas a par do assunto. As conversas, que põem frente a frente duas das mais tradicionais famílias industriais do País – Feffer, dona da Suzano, e Votorantim, acionista da Fibria – estão em andamento, mas não há ainda uma proposta oficial na mesa.

A fusão entre as duas companhias já esteve em discussão, mas sem negociação efetiva. No entanto, a entrada da Paper Excellence (PE) no Brasil levou os controladores da Suzano a voltar a pensar em uma associação com sua maior concorrente brasileira, afirmam as fontes. A empresa da família indonésia Wadjaja anunciou no ano passado a compra da Eldorado, dos irmãos Batista.

Segundo uma pessoa ligada à Suzano, que preferiu não se identificar, as conversas tiveram início há cerca de três meses. Embora ainda não haja uma negociação oficial, representantes dos controladores das duas companhias se encontraram e se propuseram a discutir qual seria o melhor modelo de associação entre as duas empresas. Não há, contudo, um formato fechado sobre o possível negócio.

Maior empresa de celulose de eucalipto do mundo, a Fibria tem entre seus acionistas o grupo Votorantim e o braço de participação do BNDES, o BNDESPar. As negociações teriam de ser submetidas a esses acionistas, que fazem parte do bloco de controle do grupo. A companhia, com faturamento de R$ 11,7 bilhões em 2017, é avaliada em R$ 29,7 bilhões no mercado. Já a Suzano, que tem o BNDESPar como acionista minoritário, teve receita líquida de R$ 10,5 bilhões em 2017 e seu valor de mercado é de R$ 22,15 bilhões, segundo Economática.

Segundo fontes ligadas ao banco de fomento, as duas empresas consultaram separadamente o BNDES sobre a parceria entre elas e não encontraram objeção. As empresas já teriam entrado em contato com bancos para assessorá-los em uma possível condução do negócio, afirma uma fonte do mercado financeiro. Procurada, Fibria e seus acionistas informaram que “não estão cientes de qualquer negociação envolvendo a companhia. Não existe, no momento, nada em andamento”. Já a Suzano não quis comentar o assunto. O BNDES não retornou os pedidos de entrevista.

Consolidação. A aquisição do grupo Eldorado, de Três Lagoas, pela PE, por R$ 15 bilhões, voltou a movimentar o mercado de papel e celulose no Brasil. Quando a família Batista decidiu colocar sua companhia à venda, vários grupos nacionais e estrangeiros fizeram propostas para levar o negócio.

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A empresa dos irmãos Batista chegou a assinar um memorando de entendimentos com a chilena Arauco, mas as negociações não foram para frente. Fibria e Suzano também tinham interesse pela Eldorado, mas a Paper Excellence fez a melhor proposta aos controladores, que venderam diversos ativos no ano passado, após se tornarem delatores.

Fontes de mercado afirmaram que a PE teria interesse em expandir ainda mais seus negócios no Brasil por novas aquisições. Procurada, a PE, por meio de sua assessoria, informou que o grupo está focado em concluir a aquisição da Eldorado.

Grupos da Ásia, onde se concentram alguns dos maiores consumidores globais de celulose, estão olhando ativos no Brasil e na América Latina para garantir acesso à matéria-prima. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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