O conceito de sustentabilidade tem estado cada vez mais presente no nosso cotidiano. Você deve ter percebido nas rodas de conversa, e até mesmo em anúncios publicitários pelas ruas. A popularização do termo evidencia a importância que ele tem ganhado recentemente. Mas a palavra é utilizada em conceitos distintos há muito tempo, causando controvérsias em seu verdadeiro significado. Vamos explorar algumas interpretações e como o conceito evoluiu ao longo do tempo para compreendermos o seu real sentido.

Uma das definições mais relevantes relacionadas ao tema surge em 1987 no relatório da comissão de Brundtland, que estabelece: “o desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades”.

Observando-a com um pouco mais de cuidado, nos deparamos com duas mensagens centrais: o respeito aos recursos finitos do planeta e a visão de longo prazo. Atualmente, segundo Global Footprint Network, seria necessário 1,7 de planetas Terra para mantermos os padrões de consumo. Esse indicador se baseia na pegada ecológica, métrica que confronta a demanda de recursos de indivíduos, governos e empresas com a capacidade de regeneração do planeta. Colocando de forma simplista, o nosso desenvolvimento atual está longe de ser ambientalmente sustentável.

Agora vamos a segunda mensagem da definição de Brundtland que coloca as gerações futuras no cerne da proposta. Isso evidencia a importância da visão de longo prazo, quando tratamos do tema.

Recorrendo a etimologia da palavra sustentabilidade, vemos que deriva do termo “sustentável” que por sua vez vem do latim sustentare. Que significa defender, apoiar, conservar, ou ainda cuidar.

Somando o conceito etimológico da palavra com a visão de longo prazo, fica claro que se você se propõe a ser sustentável como indivíduo ou organização é necessário fazê-lo com uma visão de médio ou longo prazo. Claro, pequenas ações e pequenos passos contam, mas eles precisam estar alinhados a um objetivo maior.

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No meio corporativo, até a década de 80, a palavra sustentabilidade era utilizada como a capacidade de uma empresa ser lucrativa constantemente. Sim, uma definição totalmente distinta. Porém a questão do tempo é consistente.

É inegável que para algo ser sustentável, ele precisa ser perdurável ao longo do tempo. Nada adianta ter um bom trimestre de resultado, ou cuidar do meio ambiente por alguns meses. É preciso ser contínuo e duradouro para ser sustentável.

Agora que já estabelecemos a questão temporal. É preciso compreender o conceito de “tripé da sustentabilidade” — ou triple botton line. Criado em 1994 por John Elkington, ele expande a visão de sustentabilidade e estabelece que para ser sustentável é preciso compreender aspectos ambientais, sociais e econômicos.

O pilar econômico é o mais tradicional quando falamos em uma sociedade capitalista, é racional assumir que as organizações e pessoas busquem o lucro. Em inglês, conhecido como ‘botton line’, fazendo referência a última linha do balanço patrimonial.

O meio ambiente já é relacionado com o tema de sustentabilidade desde a década de 70, afinal é essencial para garantir a preservação de nossos recursos naturais. E para mantermos a harmonia entre o consumo e a conservação não esgotando ou degradando o planeta.

A abordagem de Elkington ao tema é inovadora por propor uma visão integrada. Tratando assuntos comumente associados a sustentabilidade, juntamente com outros que não eram habitualmente associadas a questão. Como exemplo, a qualidade de vida, responsabilidade social, diversidade e ampliação dos acessos. Todas abarcadas no aspecto social do triple bottom line.

Afinal, não é só uma linha no balanço patrimonial que importa. É necessário ter um olhar holístico, pois um tripé não se sustenta sem um dos seus pilares. Sua proposta é rever nossa definição de sucesso e visão de futuro. Assim, ele expande a concepção de sustentabilidade.

Por fim, entraremos em nosso último conceito, o ESG – Environmental, social and corporate governance, que significa em tradução livre: “Ambiental, social e governança” e seus fundamentos estão fortemente relacionados aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

O termo ESG, que está em alta no meio corporativo, foi cunhado no ano de 2005 em uma publicação intitulada Who Cares Wins. O relatório surgiu de uma parceria do Banco Mundial com a ONU, endossada por instituições privadas.

Atualmente, mais de 15 mil empresas já aderiram aos 10 princípios que o Pacto Global propõe nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção. Sendo hoje a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo.

O novo conceito que é evidenciado é governança, mostrando que não adianta mais ficar somente no discurso, e não ter métricas reais para mensurar o verdadeiro impacto. A governança entra para trazer transparência que permeiem toda a organização. Para que não haja práticas de greenwash, ou seja, usem da sustentabilidade no marketing, mas mantenham os velhos hábitos insustentáveis.


Ao analisar a sustentabilidade de modo mais criterioso, passamos a entender um pouco mais a verdadeira essência de seu significado. Explorar todas as dimensões que a envolve, aclara como e onde devemos agir, a necessidade de sermos constantes e sua urgência. As atitudes de hoje estão moldando o futuro, isto é o que a sustentabilidade nos ensina!


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