As palavras Brasil e sustentabilidade, convenhamos, são quase antagônicas nos dias atuais.

Porém não deveria ser assim.

No início de 2010, realizei uma série de pesquisas por processos industriais no Brasil, para um determinado projeto.

A partir desta pesquisa descobri que o Brasil tem não apenas incríveis processos industriais (pudera, no país que têm tecnologia para atender empresas que extraem petróleo das mais profundas plataformas, produz os melhores jatos executivos do mundo e ainda atender o 5º maior mercado consumidor de automóveis) como também processos industriais e sustentáveis.

Descobri alguns dados interessantes….

O Prezado leitor pode imaginar que é possível fabricar 80% de um automóvel somente com materiais ecológicos e amazônicos? (a parte a motorização)

É só observar a história, e veremos que tal potencialidade já era percebida por um dos mais importantes empreendedores da história. Henry Ford em 1927 criou um polo produtivo na cidade de Aveiro no Pará. De lá extraia látex que alimentava partes de sua famosa criação o automóvel Ford 1929.

Quando a Ford deixou a região em 1945, deixou também um legado: 6 escolas, 2 hospitais, estações de tratamento de água, 70 km de estradas, estação de rádio e telefonia, 2000 casas para trabalhadores, centro de análise de doenças, duas unidades de beneficiamento de látex, Centro de Pesquisa e análise do solo.

Obviamente de que como falamos de um projeto de 80 anos atrás, temos hoje, outra maturidade no quesito sustentabilidade

Mas mais do que tudo, já deixou lá atrás, um exemplo de que aquela área poderia de forma sustentável, ser de extremo valor econômico para o Brasil, gerando competitividade internacional.

Dentre outras grandiosidades podemos realçar alguns interessantes números sobre a Amazônia: 20,3 milhões de residentes, 6ª maior área do mundo, 20% da água doce do planeta se encontra por lá, e 70% de suas espécies de fauna e flores são ainda desconhecidos.

Oriundo das pesquisas realizadas em 2010, desenvolvi uma cadeira, na qual as hastes são injetadas a partir de resíduos orgânicos mesclados a um eco-polímero.

Hoje tal tecnologia, está expostas no maior museu do mundo de design o Vitra Schadeupot.
A peça tem grande parte de sua produção destinada a exportação.

Uma tecnologia industrial e sustentável

Infelizmente ainda há pouco suporte governamental para que ocorram necessárias pesquisas na região.

A Amazônia se explorada de forma sustentável, não tenho dúvida nenhuma em afirmar, transforma o Brasil em um dos grandes polos exportadores mundiais.

O mundo clama por sustentabilidade.

Governos traçam diretrizes de longa data, para tornarem-se mais sustentáveis.

A Europa tem como premissa que até 2035 (daqui a pouca mias de dez anos) não se fabrique mais transportes movidos a combustíveis fósseis.

E para que até 2050 (Muito tempo? Praticamente o mesmo número de anos que nos separa dos anos 2000) tenham a neutralidade climática. Vale enfatizar que os automóveis são responsáveis por 25% dos gases de efeito estufa.

Estive há pouco em micro cidade italiana, com pouco mais de 2000 habitantes. Por lá já havia 10 vagas para autos elétricos.

Hoje, para quem quiser financiar um automóvel na Europa a diferença de juros entre o carro híbrido e o carro a combustão é imensa.

Pude observar em um pequeno passeio pelas ruas de Roma, marca de óculos em cuja vitrine sinalizava “70% da produção desses óculos é feita a partir de plástico retirado do mar”; em outra marca de Fast Fashion “100% do tecido do feitio dessa calça jeans é feita a partir de fios reciclados”. Todo o mobiliário assim como o solado do novo lançamento da Nike, é feito a partir de resíduos plásticos.

Tal fato me mostra que os consumidores por lá, já estão exigindo a sustentabilidade.

O uso de plástico descartável já é proibido na União Européia desde 2021, sendo permitido apenas o uso de plástico biodegradável e compostável.

Como resultado temos um crescente número de novas soluções.

E a indústria acompanha. Somente para citar o mundo dos móveis soluções interessantes e sustentáveis pipocam de todos os lados.

Como é o caso da cadeira Alpina produzida pela Magis (design Edward Barber & Jay Osgerby) cujo encosto é produzido a partir óleo de cozinha descartável.

Em resumo a Europa está anos luz de distância em relação ao Brasil.

Soluções existem, e o Brasil (ainda) pode tirar partido desse novo mundo mais consciente.

Mas é necessário que os gestores tenham ciência do quão necessário é, e criem também por aqui, normativas que por sua vez despertem o interesse (e engajamento) por parte dos consumidores.

Os problemas já nos atingem e atingirão, de forma ainda mais voraz, as novas gerações.

E Você faz a sua parte?