O homem suspeito de matar o soldado Samuel Wesley Cosmo, da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), durante patrulhamento em Santos, foi capturado na tarde desta quarta-feira, 14, em Uberlândia, em Minas Gerais, a cerca de 660 quilômetros da cidade do litoral de São Paulo.

O acusado é identificado como Kaique Coutinho do Nascimento, de 21 anos, também conhecido como Chip. Ele estava foragido desde a morte do agente, em 2 de fevereiro, e tinha mandado de prisão expedido pela Justiça. Segundo a Polícia Militar de Minas, ele foi abordado após um denúncia de tráfico de drogas e teria confessado o crime.

“A Polícia Militar de Minas Gerais prendeu, na tarde de hoje (14), em Uberlândia/MG, o criminoso responsável pelo homicídio do Soldado Samuel Wesley Cosmo, do 1° Batalhão de Polícia de Choque – ROTA”, informou a Polícia Militar de São Paulo, no X (antigo Twitter), no começo da noite desta quarta.

Na mesma rede social, o secretario de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, também se manifestou. “Recebi a informação de que nossos irmãos da Polícia Militar de Minas Gerais acabam de prender o criminoso Kaique Coutinho do Nascimento, vulgo Chip, apontado como assassino do Soldado Cosmo”, escreveu ele.

Junto com o suspeito, foram apreendidos cerca de R$ 10 mil em espécie, munições e drogas, afirmou a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). Na abordagem, eles prenderam outro homem que estaria com Kaique, e que já seria conhecido das autoridades locais. Em vídeo divulgado pela PMMG, ele é citado como “Ricardinho”.

Ainda de acordo com a PMMG, a polícia chegou até a dupla por meio de uma denúncia anônima de tráfico de drogas. Aos policiais do 17º batalhão, que fizeram a apreensão, Kaique teria mentido o seu nome em um primeiro momento. Mas, após uma pesquisa feita pelos policiais, os agentes descobriram a verdadeira identidade do suspeito, que admitiu o nome e confessou o crime, segundo a PM.

Alívio

O pai do soldado Samuel Cosmo, o policial civil Antônio Marcos Cosmo, disse ao Estadão que a família se sente aliviada pela prisão, mas afirma também que se sentem preocupados com a escalada da violência. “Pelo que se sabe, os policiais (de Minas Gerais) foram averiguar uma denúncia de tráfico de drogas e encontraram ele traficando”, disse Antônio Marcos Cosmo. Segundo ele, sem que o suspeito participasse de uma facção, certamente não seria possível ele sair da Baixada Santista e ter contatos para vender drogas em outro Estado.

“Isso é prova de que ele pertencia a uma organização criminosa. De certa forma, é um alívio para nós da família porque, com a prisão do indivíduo, ele pode responder pelo crime praticado, muito embora a gente veja aí a ousadia do crime e dessas organizações, porque ele não estava apenas escondido lá (na Baixada) esse tempo todo”, disse o policial, que já perdeu outro filho assassinado em serviço.

A Secretaria de Segurança de São Paulo foi questionada sobre as afirmações do pai da vítima, mas não respondeu à reportagem até a publicação do texto.

Para facilitar a captura de Kaique Coutinho, a pasta chegou a promover um programa de recompensas, que previa o pagamento de R$ 50 mil a quem que fornecesse informações que ajudassem a localizá-lo.

Baixada Santista vive escalada de violência

Confrontos entre policiais e criminosos aumentaram na Baixada Santista depois que o soldado Cosmo foi atingido no dia 2. Sete pessoas foram mortas pela Polícia Militar nos dois dias subsequentes ao da morte do agente da Rota, e novas ocorrências foram registradas na semana que antecedeu o carnaval.

São pelo 18 mortos na Operação Verão nas últimas semanas, segundo a secretaria. Nesse período, três policiais foram assassinados. Um deles foi o cabo do Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), José Silveira dos Santos, que morreu na região do morro do Tetéu em novo confronto com criminosos no último dia 7.

No mesmo dia da morte do cabo, Derrite transferiu o seu gabinete da capital para a sede do Comando de Policiamento do Interior Seis (CPI-6), na cidade da Baixada Santista e reforçou o policiamento na região.