Mateus Bonomi

Ditadura no Brasil, nunca mais – seja ela militar, como a que durou de 1964 a 1985, seja civil nos moldes do Estado Novo implantado por Getúlio Vargas entre 1937 e 1945. Então, democracia no Brasil, sempre! Fica assim desautorizada qualquer ilação que tente ligar esse texto ao funesto desejo de retorno a períodos autoritários. Fixado isso, vamos a tristes fatos em nossos tristes trópicos: desde a redemocratização, à exceção de Itamar Franco não houve um único presidente da República que não tenha, em maior ou menor grau, se enroscado com a Justiça – durante o mandato ou depois dele em questões decorrentes do exercício da vida pública, no âmbito ou não da Lava Jato. José Sarney aguarda decisão do STF sobre denúncia da PGR, feita em 2017, de que teria recebido recursos ilícitos de subsidiária da Petrobras. Fernando Collor é réu pela Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro. Sob a acusação de malversação de recursos públicos, ele sofreu impeachment quando presidia o País, sendo posteriormente absolvido pelo STF. Já FHC foi citado em delação sobre enventuais “vantagens indevidas” para sua campanha presidencial. A petição contra ele prescreveu. Lula está preso, condenado em duplo grau de jurisdição, por corrupção. Responde à infinidade de processos e, na semana passada, foi denunciado por lavagem de dinheiro na Guiné Equatorial. Também agora tornou-se réu sob a acusação de integrar esquema de propinas junto ao BNDES e ao Ministério do Planejamento. Nessa mesma denúncia figura Dilma Rousseff, que foi legalmente afastada da Presidência por crime de responsabilidade fiscal. Finalmente, Michel Temer está indiciado pela suspeita de cometer irregularidades no porto de Santos. Carrega ainda a denúncia de propinas (JBS e Odebrecht) que tramitará na Justiça quando ele deixar a Presidência.

Endossa-se, aqui, a célebre frase de Winston Churchill: “a democracia é o pior dos regimes políticos, exceto todos os demais”. Ou seja: a democracia é a melhor forma de governo

VENEZUELA
Para não cair do topo do bolo

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Personalidades narcisistas dedicadas à política desaguam quase sempre em populismo e demagogia. E continuam, é claro, essencialmente narcísicas. Assim é, por exemplo, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Na sexta-feira passada ele fez aniversário (56 anos) e, apesar da penúria do povo no país, deu-se ao direito de ter festa e ter rumba e ter bolo. Também é óbvio que o topo do bolo era enfeitado com uma miniatura do próprio Maduro. Já o presente, esse veio na segunda-feira 26 enviado pela ONU, mas não para ele. Foi o povo da Venezuela que se viu presenteado pela ajuda humanitária que finalmente chega ao país. O valor inicial do auxílio é de US$ 9,2 milhões que ficarão sob a guarda de agências internacionais.

Rayner Pena/picture alliance

US$ 1,7 milhão já tem destino: mulheres e meninas que estão sofrendo nas regiões que fazem fronteiras com Brasil e Colômbia

SEGURANÇA

Divulgação

15.145 veículos foram blindados no Brasil em 2017, segundo dados da Associação Brasileira de Blindagem. São Paulo é o estado onde mais se buscou esse tipo de proteção contra assaltantes e sequestradores (74%), seguido pelo Rio de Janeiro (45%). Caiu em 19,71% a procura em relação ao ano anterior. Rodam no País 197,6 mil veículos blindados.

CIÊNCIA
A polêmica do gene “editado”

REUTERS/Stringer

O cientista chinês He Jiankui anunciou pelo YouTube que “editou” o DNA dos embriões de duas meninas gêmeas que nasceram em meados desse ano. O pai é portador de HIV e Jiankui diz que extraiu do DNA das garotinhas o gene CCR5, que faclilita a entrada do HIV nas células, para impedir que elas nascessem com o vírus. A comunidade científica criticou duramente Jiankui: 1) teme-se que tal procedimento acabe gerando outras doenças; 2) Jiankui não publicou seu trabalho em nenhuma revista científica conceituada, limitando-se simplesmente a anunciar algo tão sério pelo YouTube; 3) em diversos países a “edição” de DNA é considerada antiética; 4) há quem ache que ele esteja mentindo.

POLÍTICA
O erro dos comunistas

Estadão

Por determinação de seu comandante, Eduardo Villas Bôas, o Exército fará um estudo sobre a Intentona Comunista de 1935, levante tenentista que tentou derrubar Getúlio Vargas. A ação, financiada por Moscou, teve a liderança de Luiz Carlos Prestes, dirigente máximo do Partido Comunista do Brasil. Prestes ordenou a sublevação. E errou: não havia a menor condição de derrotar Getúlio. É uma boa oportunidade para o PCB também rever a sua história. Para não passarem o atestado de que Prestes falhou, alguns comunistas justiçaram uma camponesa analfabeta (chamava Elisa). Inventaram que o fracasso se dera porque ela delatara ao governo os planos da Intentona – que, ailás, quer dizer plano insensato.