Mais um surto de covid-19 em uma plataforma da Petrobras mobilizou sindicalistas da categoria nesta terça-feira, com ações de conscientização para tentar impedir o embarque de petroleiros na plataforma P-54, no campo de Roncador, na bacia de Campos. Segundo o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), a estatal queria embarcar 18 petroleiros, mesmo após ter sido detectado o surto da doença e a plataforma não ter sido desinfectada apropriadamente.

A Petrobras confirmou o surto, informando que desembarcou todos os infectados e que o desembarque dos contactantes já foi iniciado, com conclusão prevista para ocorrer até amanhã, 7. Segundo a estatal, a produção continua normal.

“É importante esclarecer que o isolamento e desembarque de casos suspeitos e seus contactantes, mesmo assintomáticos, são estratégias de prevenção e que, após os testes, na maioria dos casos a suspeita de contaminação não se confirma”, explicou a Petrobras em nota.

Segundo a companhia, o serviço de desinfecção da plataforma está em andamento e os embarques realizados nos últimos dias foram restritos à substituição das funções essenciais do contingente desembarcado, para garantia da segurança da unidade.

O Sindipetro-NF chegou a pedir à gestão da companhia para que atendesse às recomendações do Ministério Público do Trabalho e retirasse todo o pessoal a bordo com suspeita de contaminação, o que não foi atendido.

A P-54 teve 22 casos confirmados de covid-19 nos últimos dias, de trabalhadores que já desembarcaram, informou o sindicato. Atualmente, 31 petroleiros continuam a bordo aguardando desembarque. Destes, oito testaram positivo para a doença, segundo o Sindipetro-NF.

“Ontem nós avisamos à Petrobras que, se quisessem embarcar alguém, teriam que negociar com o sindicato para mostrar que os trabalhadores não estariam indo apenas para manter a produção, ou a vontade de algum gerente, que estariam indo para fazer alguma atividade essencial para a segurança e a habitabilidade”, explicou o coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra.

Outras plataformas também estariam passando pelo mesmo problema, como a P-48, no campo de Caratinga, também na bacia de Campos, onde oito casos foram confirmados e a P-38, que em março desembarcou todos os empregados a bordo por causa de um surto da doença.

O aumento de casos de covid-19 nas operações da Petrobras fez a empresa alterar na segunda-feira, 5, a escala dos empregados que trabalham embarcados em unidades marítimas. Desde o início da doença, a empresa registra mais de 6 mil contaminações, ou 13,1% do efetivo total, e 20 óbitos.

Segundo a companhia, a nova escala passa a ser de 21×28 + 21×35 dias, ou seja, dois embarques de 21 dias seguidos, respectivamente, por períodos de folga de 28 e de 35 dias. Essa escala será adotada temporariamente por um ciclo de 105 dias e tem por objetivo reduzir em 30% o fluxo de pessoas em deslocamento em aeroportos e rodoviárias.

Hoje, o Sindipetro-NF realiza um debate online com a categoria para avaliar a mudança na escala e iniciar a construção de uma Greve pela Vida, diante do aumento das contaminações na empresa.